#introduceyourself | Chagay! | Sobre como prefiro ser tratadx!

in #pt6 years ago (edited)

Estou ainda aprendendo a navegar por aqui. Hoje aprendi que tem essa hashtag #introduceyourself, então bora lá.

Eu sou bicha preta transviada capixaba, tradutora de histórias, professora de inglês, componente do Sarau Vozes Negras, Mestra e doutoranda em Estudos da Tradução pela Federal de Santa Catarina e me chamo Feibriss. Amigas e amigos me tratam no feminino e no masculino, tanto faz. Uma das formas de expressar essa identidade de gênero é usar o X no lugar das vogais finais que marcam o masculino e o feminino. Me sinto muito representada por esse uso.

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Então ao invés de escrever

ele ou ela

prefiro elx.

Lindx

ao invés de

linda ou lindo.

Mas como gosto muito de elogios costumo dizer que se for para elogiar use todas as possibilidades possíveis.

O que não significa que essa deva ser sempre a postura diante de uma pessoa trans ou travesti; somos muitas e somos diversas, é importante ter isso em mente antes de continuar lendo!

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É sempre muito importante perguntar a uma pessoa trans ou travesti como ela prefere ser tratada. Ser tratada tanto no feminino ou no masculino (ou então no neutro com o x) é uma particularidade minha e de muitas pessoas trans e travestis mas essa não é a realidade de todas nós. Então pergunte e respeite o pronome pelo qual a pessoa deseja ser tratada assim como o nome pelo qual essa pessoa deseja ser chamada. Errou? Peça desculpas e corrija sua fala. É uma atitude de respeito!

Quem se interessar sobre o assunto pode procurar sobre:

pessoas (trans) não-bináries

gêneros líquidos ou fluidos

bicha preta

transviadagem.

Voltarei a postar sobre esse assunto e muitos outros relacionados a comunidade LGBTTTQAI+. Mas antes me conte, com quantas pessoas trans e travestis você se relacionou ou se relaciona? Não estou falando de relações sexuais, estou falando de relações intelectuais, to falando de trocar idéias, de amizades, contatos profissionais ou até mesmo vi redes sociais como essa.

Deixo aqui a dica de um vídeo da Triz que se reivindica como uma pessoa gênero neutro.

Sort:  

Só não deixe que sua vida gire em torno da sua sexualidade, seja ela qual for. O ser humano tem muitas outras coisas de valor pra se definir além disso.

Eu acrescentei mais algumas palavras mostrando um pouco mais sobre quem eu sou, agradeço o toque. Mas de qualquer forma, eu não estou falando apenas sobre a minha sexualidade nesse post mas também, e principalmente, sobre a minha identidade de gênero. Eu optei por fazer esse recorte na minha apresentação porque quando eu for me definir em toda minha pluralidade eu vou ter que escrever um livro! Preferi focar nesse aspecto da minha vida nessa apresentação porque é importante para mim falar sobre isso no momento. Agradeço a escuta.

Farei questão de falar mais sobre mim e sobre a minha multiplicidade ao longo das postagens! Pode deixar! Continue acompanhando ;)

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Bem vindex! Tinha essa curiosidade. Cheguei a perguntar ao @leodelara. Agora já somei o que de certa forma já sabia, de perguntar como quer ser chamado, vivemos tanto no automático, movidos pelo nosso inconsciente que por vezes as coisas mais simples passam despercebidos! Sucesso na plataforma!

Na dúvida pergunte. Imagino que o seu automático e o seu inconsciente sejam treinados para ser binários (ou é h ou é m), assim como eu também cresci aprendendo isso. Desautomatizar é muito importante , o que pode ser algo bem simples para você é é muito importante para nós que temos não só nossa identidade de gênero constantemente desrespeitada frequentemente como também a nossa humanidade. Pra mim desautomatizar foi uma questão de auto-conhecimento auto-cuidado e sobrevivência. É algo realmente simples de se fazer, e tem muita gente que não faz simplesmente por ser intolerante, transfóbico mesmo.

Certamente. Mas é importante levar em consideração que o inconsciente de todos são binários. E isso vem desde a genética a cultura. E não deixará de ser. O que modifica com a cultura e que molda o inconsciente que já um pouco diferente do inconsciente individual, é o inconsciente coletivo. Que molda a base de funcionamento do “consciente” coletivo. Não se desautomatiza o que é automático, e tem que ser, por natureza. A linhagem está para além do sexo biológico, e molda o mito cultural. Esse sim nos moldamos com aprendizado. Quanto mais instintivos somos, mais dificuldade de se aprender. E auto conhecimento pelo que entendo é algo dificílimo. Pois conhecer além das marcas da criação é algo que demanda muito auto conhecimento. E tempo. Tempo que está para além do nosso tempo. Até o Cid 10(nosografia diagnostica) a medicina considerava a transexualidade uma doença, que felizmente mudou há algumas semanas com o Cid 11. Assim como a Homosexualidade, que também sofreu do mesmo viés. A medicina que caminha por tempos ruins, e vem se adaptando ao tempo. A cultura precisa de muito mais tempo, e de movimentos dispostos ao diálogo, ou representações de linguagem como a arte em suas diferentes direções. Ou seja somos animais por natureza, instintivos, todos em busca de conservação e sobrevivência. Que são instintos automáticos, e através da linguagem, em suas diferentes formas, conseguimos moldar esses instintos de maneira geral. Na prática e dificílimo, ainda mais com contexto político, social que vivemos. Sempre vai haver o um e o outro, a dicotomia que vai formar o pensamento, e deve, porém o um e o outro, está na linguagem e não no sexo biológico. Com educação e dispostos a amenizar o mito que nos molda a esse tempo, ajudaremos a construir novos tempos, que talvez não estaremos, mas tempos de amor, do amor de Eros. Só através do amor que mudamos uma sociedade que hoje vive os polos dos pensamentos dicotômicos, que não se desenvolvem, e se tornam cada vez mais instintivos e agressivos.

Eu usei a palavra inconsciente como leigo pensando o senso comum. Mas acho que talvez nem mesmo no senso comum essa palavra caberia na minha fala. Pode ser que não tenha sido a melhor escolha. Estou pensando sobre.

Vou tentar dialogar com algumas coisas que você falou embora tenha muitos conceitos que você colocou ai que eu não domine.

Sobre o auto conhecimento ser algo difícil: para algumxs de nós, não existe outra opção, quando você é um corpo que passa por um processo de desumanização violento pelo sistema colonial (ainda presente e em constante manutenção), o auto conhecimento é urgente para a própria sobrevivência. O auto conhecimento é sobrevivência porque aprendemos muitas vezes que nós não existimos, ou que a nossa existência é um erro, um problema, uma impossibilidade, um pecado, uma perversão... da temos uma lista interminável de agressões a nossa existência. É difícil também porque envolve se dar conta de inúmeras violências, micro e macro violências, mas também é se dar conta da nossa grandiosidade. É difícil para nós porque somos silenciadxs o tempo inteiro, muitas vezes não é possível falar ou se expressar de inúmeras formas. E acho que auto conhecimento nesse caso tem muito haver com descobrir a sua humanidade e como é possível não apenas existir mas entender as maravilhosidades dessa existência. Não penso em auto conhecimento como um projeto inacabado, pelo contrário, é um processo continuo e interminável, mas está acontecendo, pode ser difícil, mas a gente tá diariamente tentando tornar cada vez menos difícil, tentando visibilizar cada vez mais o maior número de possibilidades de existência.

Dai acho que compreendo a relação que você faz com educação, inconsciente, linguagem e como elas se afetam. Só acredito que precisamos entender que essa dificuldade de sair do binário não é universal, sendo que temos inúmeras possibilidades de existências; para dar um exemplo apenas entre muitos outros, podemos pensar nos terreiros: muitos Orisàs por exemplo estão longes de ser binários - ousaria dizer que nenhum delxs mas essa é uma outra conversa. Nesse e em outros espaços, as o automaticidades são outras muito diferentes das brancas ocidentais ou das ocidentalizadas. Não sei exatamente do que você está falando quando diz que não é possível desautomatizar o que é automático por natureza, mas eu utilizei essa palavra porque entendo que essa bináridade automatica não é universal, pois ela não está presente dessa maneira em muitas culturas e corpos que existem e falam mas muitas vezes não são escutadas. Talvez ai possamos pensar no papel que (não) ocupamos no imaginário coletivo seja lá qual seja o conceito de imaginário coletivo, pois eu não consigo pensar em uma coletividade, e sim em coletividades, e talvez a coletividade que você esteja pensando é uma coletividade que traz uma pensamento hegemônico que se entende universal.

Tem muita coisa ai no seu texto para ser explorada. São coisas muito profundas que dariam no mínimo um TCC (lá vem a acadêmica). Acho que vou deixar para continuar esse dialogo em outro momento mas antes deixo para pensarmos sobre a universalização de certos conceitos como cultura, por exemplo, é importante sempre falarmos de pluralidade e de local de fala. Quem está falando, de onde, com que experiência.

"A arte e a prática de amar começam com nossas capacidades de nos conhecer e afirmar (...) A afirmação é o primeiro passo para cultivarmos nosso amor" bell hooks

[bell hooks, é mulher negra autora, teórica feminista, artista e ativista social estadunidense]

Bem-vindx, @feibriss! É bom ver a comunidade crescendo, vamos nessa ;)

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Gratx pelas boas vindas <3

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Arrasou! É isso aí. Para que se haja respeito, antes de mais nada é necessário ouvir a outra. Principalmente se a pessoa não faz parte da normatividade vigente no status quo dessa nossa sociedade tão "encaixadinha". É obvio que não há um "problema" algum em se pertencer a normatividade do status quo. Agora uma coisa é fato, quem a ela pertence, por vezes, não vê necessidade em se apresentar abordando nossas identidade de gênero ou algum elemento que tangencie este assunto, uma vez que sua "performatividade" (como já diria Butler) como sujeito social já amplamente conhecida e todos e todas sabem como se referir ao conversar com essas pessoas.

Como já conversamos e @feibriss provavelmente ainda abordará mais sobre isso por aqui.

Nossa "simples" presença (existência) é um ato político.

Abraço e até a próxima!Logo-50.png

projeto #ptgram power

Muito bem vindo (a) :) Sucesso e boa sorte no Steemit, essa plataforma das oportunidades!

Salve salve @Jsantana! Grata pelas boas vindas!

Eu sou bicha preta transviada capixaba, tradutora de histórias, professora de inglês, componente do Sarau Vozes Negras, Mestra e doutoranda em Estudos da Tradução pela Federal de Santa Catarina e me chamo Feibriss.

Você é um ser humano igual a todos.

Esse discurso "somos todos iguais" não me contempla. Muito pelo contrário, luto diariamente contra ele. Não porque eu não acredite que sejamos todas frutos da mesma massa de origem, mas porque esse discurso invisibiliza nossas lutas e nossa existência. Somos todos iguais mas nossos direitos e privilégios não. Me defino para que não me definam. Sou dona da minha própria história.

Entendo o lado das lutas. Mas se não houvesse essa diferenciação não precisaria de lutar.

Sim, mas é preciso ter cuidado com a maneira como esse discurso aparece porque tem muita gente que usa ele para dizer que nossas lutas são irrelevantes ou desnecessárias pois "somos todos humanos". Mas a questão aqui é que determinados grupos tem sua humanidade negada e precisamos combater isso e visibilizar nossa nossa resistência.

Essa parte " determinados grupos tem sua humanidade negada " é o auge da ignorância humana.
Só filho da puta, desculpe o palavrão, mas não tem outra palavra para expressar a insatisfação com quem nega a humanidade para o ser humano.

Infelizmente é um projeto colonial que até hoje sustenta nossa sociedade como ela é, mas seguimos resistindo!

@feibriss, Parabéns! O teu post foi votado e resteem pelo Projeto Camões!

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PROJETO CAMÕES - Língua Portuguesa no Steemit!

Seja muito Bem Vindx, e que posso sim nos ensinar ainda mais sobre trans não binários/as.

Obrigado por compartilhar e até mais!

Agradeço a escuta.
Somos muito diversas. Um transhomem militante brasileiro diz que existem tantos generos quanto pessoas no mundo, eu acredito nisso. Tão importante quanto conhecer mais sobre não binaries é nós conhecer e saber que cada história é única. Para isso precisamos ocupar cada vez mais espaços.
(fiz uma alteração no post: a comunidade não-binária costuma se auto denominar não-binarie, com um E no final.)
Abraço

Concordo plenamente, melhor que ler (não que não precisa se informar), é conhecer e escutar as histórias e como vivem!

Abraços! :)

Tudo isso sem fetichizar e sem exotizar!

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Bem-vindx, @feibriss! E como o pessoal já falou, antes de tudo você é um ser humano. Espero que curta a plataforma. Dá uma espiada no projeto @brazilians, é um bom apoio. ^^ forte abraço

Agradeço as boas vindas. Já sigo o @brazilians, tamo ai! Sobre essa questão de ser humano, pretendo desenvolver uma reflexão sobre esse assunto em post futuros. São assuntos urgentes! Agradeço a escuta.

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Seja muito bem vinda. Realmente pensando aqui sobre a sua pergunta me dei conta que nunca me relacionei com um transexual em nenhum sentido. Embora a minha irmã tenha muitos amigos gays e eu sempre convivi com eles normalmente. Os transexuais são mais raros de se encontrar, por que será? No mais meu pai escreveu tratados sobre sexualidade e falava muito sobre o tema. Então acredito que você seja a primeira que vou conhecer. Abraços e sucesso.---

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