Por João Guilherme Lyra
Ouso-me a oferecer o novo conceito, o de Open-reSource
Observando as diversas bifurcações (fork) das cadeias de blocos, principalmente as ocorridas em 2017 com o Blockchain do Bitcoin, o que se vê é que os códigos abertos ou open-source tem se tornado recursos abertos ou o que chamaremos de open-reSource. Quais seriam as fundamentações para este novo conceito, o Open-reSource?
O conceito de open-resource reflete-se nas mudanças trazidas pela tecnologia Blockchain, na qual Don Tapscott afirma sobre a migração da internet da informação para a internet do valor. O pioneirismo de Satoshi Nakamoto ao criar o Bitcoin, e a disponibilidade de seus open-source (códigos abertos) ignorou o fato de que não se tratava somente de uma nova aplicação digital a qual os usuários alterariam os códigos-fontes para atender suas necessidades. Embora o Bitcoin permita alterações e aperfeiçoamentos de seus códigos por meio de propostas de Bip (Bitcoin Improvement Proposals), o Bitcoin é um recurso financeiro, com abrangência mundial, onde a alteração de seus códigos afetam milhares de usuários e suas finanças.
A possibilidade de forks (bifurcações) e criação de novos criptoativos dentro dos códigos do Bitcoin e de outros DLTs (distributed ledger technology), apresenta um novo conceito que difere do open-source, pois se trata de um recurso monetário e até mesmo energético, se pensarmos na energia dispendida para a mineração deste criptoativos até a divisão da cadeia de blocos, e por este motivo aqui vemos o nascimento do conceito open-reSource, que é mais adequado para as mudanças trazidas pela tecnologia Blockchain.
A plataforma Ethereum possivelmente foi a primeira a ter um fork de grandes proporções. A criptomoeda Ethereum Classic surgiu como resultado do desacordo com a Fundação Ethereum em relação ao The DAO Hard Fork. Ela uniu membros da comunidade Ethereum que rejeitaram o hardkitch por motivos filosóficos. Os usuários que possuíam ETH antes do garfo da DAO (bloco 1920000 [7]) deviam uma quantidade igual de ETC após o garfo.
Esta liberadade (open) na divisão dos blockchains é algo novo e que afeta diretamente o valor da criptomoeda (recursos) . Isto pode ser uma ameaça pois com as grandes corporações aceitando cada vez mais as criptomoedas, talvez algumas novas bifurcações possam ser reprimidas por não atenderem os interesses destes grandes players ou possam ser estimulados novos forks para atenderem interesses comerciais e ocultos, onde poderiam nascer novas criptomoedas com essas finalidades.
As plataformas como Ethereum, Waves, NEO, NTX entre outras poderão sofrer com o “poder de barganha” das empresas que estão baseadas nestas plataformas. Citando exemplos:
Os tokens Tether, Ardor e MaidSafeCoin estão entre os 10 maiores criptoativos em valores capitalizados. Estes tokens possuem um marketcap maior que suas plataformas, o que demonstra o poder e importância deles dentro dos ecossistemas Omni e NXT. Provavelmente qualquer mudanças nos códigos dessas plataforma necessitem de aval destas organizações, pois uma divisão estimuladas por estes tokens seriam um imenso prejuízo as plataformas que os baseiam.
Acrescentamos o fato que não somente as bifurcações podem gerar novos criptoativos, nas plataformas blockchain se pode criar novas aplicações sem mesmo o consentimento da plataforma que baseia a aplicação. As novas funcionalidades, que podem ser criadas livremente e fortalecem o ecossistema dessas plataformas, por oferecer maiores utilidades aos seus usuários, aumentando o valor da criptomoeda, o que fortalece a ideia de Open-reSource.
Corroborando a afirmativa com um exemplo brasileiro: O Banco Social da Maré criou a criptomoeda chamada de Palafita. Esta moeda está baseada na plataforma Ethereum, e em nenhum momento foi solicitado autorização a Fundação Ethereum para o desenvolvimento desta aplicação monetária. Eles criaram um ecossistema financeiro espontaneamente, dentro dos Open-reSource da plataforma Ethereum, gerando recursos novos recursos para as comunidades carentes cariocas, livremente.
E os forks e as liberdade de criação de novos criptoativos dentro das plataformas blockchain, mostram que estes criptoativos não são somente open-source, pois possuem valores (recursos) junto a eles. por isso podemos conceituá-los como Open-reSource.
João Guilherme Lyra
Pesquisador de Blockchain
Link:
https://www.blockchainbrasil.org/2017/11/02/blockchain-e-o-novo-conceito-de-open-resource/
Interessante a análise e proposta da nomenclatura, parabéns! Tb suspeitava que os forks escondem interesses organizados para influenciar o valor das criptomoedas. Não conhecia a iniciativa do Banco Social da Maré, vou pesquisar. Valeu!!