Alguns filmes eu amo, mas reluto em assistir novamente, tamanha a angústia e sofrimento que me causam. Ainda que eu tenha uma lista razoavelmente longa de obras assim, ainda me lembro perfeitamente do primeiro filme que esmurrou meu estômago e me fez ver o mundo com olhos bem menos otimistas: Garotos Não Choram.
Aliás, faz anos que não assisto, mas só de lembrar daquela história para escrever esse comentário já me causa um nó na garganta e uma sugestão de ódio. Enfim...
A história de Brandon Teena definou a forma como eu percebi a luta pela causa LGBTTQ+. Tanta violência, tanto ódio, tanto machismo, tanta homofobia... tudo condensado em socos, chutes, estupro e tiros numa pessoa que só queria se descobrir e ser feliz.
Fiquei chocado ao ver os até então amigos de Brandon mudando toda a relação por uma revelação tão pessoal e, essencialmente, banal. Por quê? Nunca conseguirei entender. Tampouco quero.
Mas mesmo diante toda agressividade visual, todas aquelas lágrimas e violência, o que ficava na minha cabeça era "baseado em fatos". Isso é lacerante. Isso é cruel.
Alguns anos depois, ao rever o filme, fui pesquisar sobre Brandon. E para aumentar essa dor, descobri que muitos dos diálogos são literais. A pesquisa da diretora durou anos e a fidelidade do filme com os fatos é até atípica em grande parte de obras desse estilo. A cada vislumbre de dou à Meninos Não Choram, mais me revolto e me deprimo.
O filme é atemporal, mas atualmente parece ser obrigatório. Diante a onde conservadora que viraliza pelo mundo, o preconceito deixou sua forma velada e implícita para mostrar-se abertamente, orgulhoso. Meninos Não Choram é o resultado final da piadinha homofóbica, é a conclusão do "homem é homem e mulher é mulher". É o lembrete que não existe insignificância no preconceito. É extremo, realmente, e não é toda pessoa preconceituosa que o fará. Mas enquanto uma fizer, já é demais.
Obrigado pela participação!
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