Pela forma como a mídia vem abordando todos os assuntos referentes ao governo federal, podemos tirar uma febre sobre como será a campanha eleitoral do próximo ano (por parte do Partido da Mídia Corporativa), posto que percebemos claramente que a intenção do interesse financeiro (através de seu braço comunicacional) é alavancar a terceira via como alternativa ao governo de Bolsonaro, de forma que o descarte do ex-capitão como ferramenta será progressivo.
Quando um governante é do gosto do sistema financeiro, todas as situações problemáticas são tratadas pela mídia como questões complexas que merecem debate; quando o governante está na alça de mira das oligarquias, qualquer situação complexa vira palco para a construção de invariável queima da imagem, e percebemos que não foi diferente quando o sistema viu por bem descartar Dilma Rousseff no passado (como ferramenta que já não era mais útil).
Não importando a decisão a ser tomada, o posicionamento, dos formadores de opinião, será sempre direcionado no sentido de destacar os erros, de forma que o objetivo sempre é minar a imagem do político com a sua base de apoio, como percebemos quando vemos os mais variados canais apontando o caráter não-liberal das decisões recentes de Bolsonaro ou mesmo os casos de corrupção que apontam em torno dos políticos e da família do ex-capitão.
No que diz respeito ao Projeto de Emenda Constitucional que faz com que o governo empurre com a barriga o pagamento dos precatórios (dívidas que o governo tem oriundas de processos contra o Estado), o governo parece estar diante de uma evidente sinuca de bico, já que precisa protelar o pagamento dos precatórios para reduzir o rombo no teto de gastos (posto que busca elevar o valor do bolsa-família, na tentativa de ganhar um pouco mais de musculatura política).
O problema é que o Congresso teme o caráter impopular da aprovação da PEC dos precatórios, já que o não-pagamento dessas dívidas atinge muitas pessoas e também bancos que compraram as dívidas do governo e já pagaram as pessoas, o que leva os políticos a terem receio de, às vésperas do ano eleitoral, votarem a favor de algo que pode fazer com eles percam votos no ano que vem.
Por outro lado, a não-aprovação da PEC dos precatórios representará um aumento do rombo no teto de gastos, o que deixa o interesse financeiro com dúvidas em relação à obediência fiscal do governo Bolsonaro (tema explorado à exaustão pela mídia), e é pouquíssimo provável que o governo recue nos gastos, já que o aumento do bolsa-família, o auxílio-diesel para os caminhoneiros e a liberação de verbas para emendas parlamentares depende dessa questão.
Outro emparedamento que o governo sofre diz respeito à questão da política de preços dos combustíveis, já que uma greve está marcada para o dia 1 de Novembro, e, se o governo mover qualquer peça no sentido de interferir nos preços da Petrobras, o sistema financeiro cairá sobre a cabeça do ex-capitão (por causa do interesse dos acionistas); mas, se nada for feito, os caminhoneiros irão parar o Brasil, queimando ainda mais o capital político de Bolsonaro.
Para piorar a situação, um vídeo do ministro da Infraestrutura, Tarcísio, veio a público com uma fala dele sobre a necessidade dos caminhoneiros, em função da crise, buscarem trabalhos alternativos para complementar a renda, o que enfureceu as lideranças caminhoneiras, ateando ainda mais lenha na fogueira dos atos do dia 1 de Novembro, tanto que os caminhoneiros já veem o ministro como um traidor da classe.
Vejamos outro caso complexo: no dia de ontem, a taxa SELIC (taxa de referência para os juros), depois de pedidos insistentes de Paulo Guedes, foi elevada em 1,5% (chegando a quase 8%), o que busca tornar o Brasil mais atrativo para dólares que podem buscar aqui juros melhores e mais segurança no ganho, movimento que promoveria, por causa da entrada de moeda estrangeira, a redução da inflação fruto do câmbio desfavorável em relação ao real.
Como não poderia ser diferente, essa medida já está sendo alvo de ataques, por parte da mídia corporativa, pois ela acaba derrubando as vantagens, na comparação rentabilidade-risco, das bolsas de valores no Brasil, fazendo com que possa ocorrer um esvaziamento dos investidores que haviam corrido para as bolsas após os juros caminharem para os 2%, e que agora podem tirar seu dinheiro dos mercados para alocá-los em investimentos mais seguros.
Logicamente, a mídia faz questão de destacar o papel que a elevação da taxa SELIC tem na ampliação da dívida pública brasileira, posto que, assim como mais dinheiro estrangeiro tende a entrar, os juros pagos pela dívida já existente (assim como das novas) também tem como referência a SELIC, assim como também destaca que o crescimento da economia tende a ser retardado pela política de elevação de juros (que seguirão subindo).
Por outro lado, se o governo não fizer isso e não atrair moeda estrangeira para o país, a mídia dirá que a alta do dólar está sendo fator fundamental na produção de inflação para os brasileiros, o que também será uma verdade explorada pela mídia para desgastar o capital político do ex-capitão… E é justamente por isso que é possível detectar que o desgaste contínuo de Bolsonaro será a tônica.
Congratulations @bodhi.rio! You have completed the following achievement on the Hive blockchain and have been rewarded with new badge(s) :
Your next target is to reach 100 comments.
You can view your badges on your board and compare yourself to others in the Ranking
If you no longer want to receive notifications, reply to this comment with the word
STOP
To support your work, I also upvoted your post!
Check out the last post from @hivebuzz:
Support the HiveBuzz project. Vote for our proposal!