Corinthians
Bastidores: Corinthians alivia pressão em campo, mas ainda tem clima político agitado
Embora ainda esteja na zona de rebaixamento do Brasileirão, o Corinthians conseguiu aliviar nas últimas semanas um pouco da pressão enfrentada pela equipe. Na briga pelos títulos das Copas do Brasil e Sul-Americana e reforçado por nomes de peso, como Carrillo e Memphis Depay, o Timão renovou suas esperanças em dias melhores. Fora de campo, porém, os bastidores seguem agitados.
O presidente Augusto Melo ainda lida com a sombra do pedido de impeachment, cobranças de aliados e vem tendo atritos com Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo.
Augusto e outros cinco investigados pela Comissão de Ética do clube apresentaram suas defesas no processo que apura possíveis irregularidades no pagamento de comissão do contrato de patrocínio da VaideBet. Resta a de Marcelo Mariano, diretor administrativo, que deve se manifestar nos próximos dias.
No momento, a avaliação dos membros da Comissão de Ética do Corinthians é de que é preciso aguardar a investigação feita pela Polícia Civil antes de proferir uma sentença, de modo a evitar a condenação de inocentes ou a absolvição de culpados.
Porém, enquanto o processo estiver aberto, Augusto estará mais suscetível a pressões. Nas últimas semanas, um dos grupos que deram sustentação à eleição dele, no ano passado, aumentou o tom das cobranças. Trata-se do “União dos Vitalícios”, formado por conselheiros de longa data e que têm como integrantes o primeiro vice-presidente do clube, Osmar Stábile, e o presidente do Conselho, Romeu Tuma Jr.
O União dos Vitalícios, em recente encontro, reuniu reivindicações e decidiu levá-las a Augusto Melo. Há cobrança sobre maior participação dos órgãos fiscalizadores na gestão, com consultas de projetos ao Conselho Deliberativo e ao CORI. Em resumo, querem maior protagonismo para os conselheiros na tomada de decisões do clube.
Numa votação de impeachment ou de aprovação de contas, por exemplo, eles teriam papel importante. Como entre os 200 conselheiros eleitos do Corinthians há um equilíbrio grande entre oposição e situação, os vitalícios acabam sendo uma espécie de fiel da balança.
Em relação a Romeu Tuma Jr., as cobranças, que até então eram informais, foram documentadas. Na semana passada, o presidente do Conselho enviou ofício a Augusto Melo com alertas e queixas. Além de cobrar maior participação do Conselho e do CORI, Tuma pediu mais transparência e se mostrou contrário a um possível processo de recuperação judicial do clube.
Além destas pressões, Augusto lida com o conflito com o segundo vice-presidente, Armando Mendonça, que rompeu politicamente com ele, mas segue no cargo para o qual foi eleito. Tal situação tem criado embaraços, como no sábado, quando Armando alega ter sido barrado na zona mista da Neo Química Arena após a partida contra o Atlético-GO.
Em quase nove meses de gestão, Augusto Melo perdeu força política e sofreu uma debandada de aliados. Nomes importantes da gestão como os ex-diretores como Rozallah Santoro, Yun Ki-Lee, Rubens Gomes e Fernando Alba deixaram seus cargos.
Por outro lado, ele segue com o apoio de aproximadamente metade dos conselheiros eleitos e de outras forças do clube, como as torcidas organizadas, em especial a Gaviões da Fiel, que já se manifestou contrariamente ao impeachment.