Tecnologia
Biohacker de 81 anos investe mais de R$ 4 mi em startups anti-envelhecimento
A luta contra o envelhecimento é, na maioria das vezes, uma corrida contra o tempo, como mostra a história do biohacker Kenneth Scott, de 81 anos. Buscando fomentar novas tecnologias anti-envelhecimento e na indústria da beleza, ele já investiu cerca de 4 milhões de reais em startups da área da biotecnologia e, agora, testa procedimentos não autorizados em alguns países, como terapias genéticas em fase de validação.
Investidor, bilionário, desenvolvedor de software e empresário do ramo imobiliário, Scott acredita que, após atingir os 80 anos, tenha sobrado pouco tempo de vida para aguardar todas as aprovações regulatórias — algo fundamental para garantir a segurança e a eficácia de um procedimento.
“Tenho uma expectativa de vida de mais sete anos neste momento”, conta o biohacker idoso para o site Quartz. “Não tenho muito interesse em testes [clínicos] de cinco anos, então eu simplesmente sigo em frente e faço”, acrescenta. “Minha preocupação está em mim, não nas regulamentações que foram criadas”, reforça.
Apesar de certo romantismo em sua guerra total contra o envelhecimento, Scott eleva o ser biohacker (alguém que busca hackear a biologia humana com a tecnologia) a um ponto perigoso. Sem comprovação, alguns desses procedimentos, especialmente as terapias genéticas feitas em países com pouca regulamentação, podem ter efeito oposto, por exemplo.
Custos para brecar o envelhecimento
Como forma de barrar o envelhecimento natural do corpo, Kenneth Scott e sua esposa Christine Scott gastam, por ano, US$ 70 mil (cerca de 400 mil reais) em tratamentos estéticos e médicos bastante variados.
O biohacker é um grande investidor na área da biotecnologia, com apoios para as startups Repair Biotechnologies (que desenvolve em soluções contra o acúmulo de colesterol no organismo), Leucadia (que atua contra a doença de Alzheimer) e OncoSenX (que busca novas soluções contra o câncer), além da VivaSparkle (que rastreia potenciais pesquisas de sucesso).
Nesse campo anti-envelhecimento (que abrange outras inúmeras startups e pesquisas espalhadas pelo mundo), Scott estima já ter aplicado algo entre US$ 500 mil a US$ 750 mil (entre 2,8 milhões a 4,2 milhões de reais).
Tratamentos anti-envelhecimento?
Entre as práticas diárias do biohacker octogenário, estão: atividades físicas e alimentação saudável, como era de se esperar. Além disso, ele desenvolveu o próprio shampoo a partir de um medicamento para leucemia e não usa sabonetes.
Também realiza tratamentos faciais com plasma sanguíneo, rico em plaquetas, e recorre a injeções de exossomos amnióticos (derivados do líquido amniótico) para impedir o envelhecimento.
A mais polêmica das intervenções são as aplicações de uma terapia genética com a proteína folistatina, desenvolvida pela startup de biotecnologia Minicircle, em Honduras. O tratamento é anunciado como uma forma de retardar o início do envelhecimento, mas não é autorizado por grandes agências reguladoras, como a Food and Drug Administration (FDA), nos EUA.
“Nossa cultura compartilha a mentalidade de que nascemos para morrer. Desde a infância, fomos ensinados de que vamos morrer”, explica Scott. Entretanto, “essa cultura está desatualizada”, aponta o biohacker sobre a necessidade de romper com a última fronteira humana contra a imortalidade.
Luta contra o relógio biológico
Entre os milionários, Scott não é o único a investir grandes somas para impedir o avanço do relógio biológico. Bem mais novo e com menos de 50 anos, Bryan Johnson é outro biohacker que já causou polêmica com suas estratégias.
Inclusive, Johnson já afirmou que a sua vida é controlada por algoritmo capaz de definir o que é melhor para a sua saúde: