Depois que eu escrevi sobre o funcionamento do Prosper e da PCD, algumas pessoas me enviaram um texto falando sobre a tendência de acumulação do modelo da Prospera, querendo saber minha opinião.
Eu acho ótimo que tenham pessoas se interessando em escrever sobre o assunto e acho muito importante que todos coloquem suas percepções para que os pontos sejam analisados de diversas maneiras.
Ressalto também que escrevi esse texto como uma resposta primeiramente para mim, depois para as pessoas que me procuraram para saber minha opinião. Como acredito nos conceitos do paradigma abundância trazer transparência à resposta aumenta o campo de possibilidades e pode ser útil para muito mais pessoas, sendo muito melhor para o sistema do que uma interação fechada.
Deixo claro que não quero de maneira nenhuma sobrepor minhas considerações, entendo que cada um deve encontrar sua própria maneira de enxergar as coisas. Todas as visões são totalmente válidas, não existindo razão para tentar suprimir ou excluir uma expressão de um nó de nós. Minha intenção é apenas trazer minha contemplação sobre os assuntos abordados.
Para quem quiser conferir o texto chama-se "Por que vale a pena acumular seus Prospers?" e está no link: https://medium.com/@teofb/1c448d06a15a.
Eu vou analisar o texto em partes para facilitar a compreensão do que eu quero expor.
Introdução
A Introdução traz uma afirmativa que concordo bastante, sobre a complexidade de um sistema de moeda:
"Peça para dez economistas te ajudarem a modelar um sistema de moeda e provavelmente oito ou nove dirão que não têm conhecimento o suficiente sobre o assunto.
Modelagem monetária é um dos assuntos mais difíceis que podemos encontrar por aí e é o tipo de coisa que uma regra errada pode colocar tudo a perder."
Sem dúvida, é um assunto muito complexo. Alguns documentários inclusive argumentam que há uma intenção em dificultar a linguagem e a compreensão, pois assim aumenta-se o controle e manipulação. Então, por mais que seja complicado, acredito que é imprescindível o esforço para tentar entender e desmistificar as fórmulas e regras por trás dos sistemas de moedas, inclusive do sistema financeiro atual.
Isso porque, na minha opinião, antes de debater as regras da Prospera é muito importante tentarmos aprofundar o conhecimento nas regras do sistema bancário e financeiro atual, que sem dúvida geram acumulação que conhecemos e nele ficamos sem questionar e sem ter muita opção.
Aliás, é nesse ponto que entendo ser a grande diferença das criptomoedas em geral, as regras de emissão e distribuição são previamente conhecidas, o que está possibilitando mais questionamentos sobre o modelo que acontece hoje.
Atualmente o dinheiro é basicamente criado pela emissão de títulos do tesouro e pelos empréstimos bancários através das reservas fracionárias (logo no início do filme ZEITGEIST - Addendum no Youtube tem uma explicação bem completa). Acontece que existe uma discricionariedade em relação a isso, ou seja, imprime-se o quanto ficar decidido e empresta-se para quem ficar decidido. Não existe uma regra pré definida de que serão impressos a quantidade "x" de reais por mês e serão distribuídos para as pessoas que "y", como existem nas criptomoedas. Ao meu ver, é por isso que as criptomoedas estão cada vez mais se valorizando nessa Era de Aquários - a Era da transparência.
Apenas para ilustrar vou trazer alguns pontos das regras de criptomoedas que sei de cabeça:
Moeda | Emissão | Distribuição |
---|---|---|
Bitcoin | Decrescente - diminuindo pela metade até o ano de 2140 quando chegará ao total de 21 milhões | Mineradores - Pessoas que colocam poder computacional para registrar as transações da rede |
Ether | Valor fixo mensal | Também são distribuídos para mineradores, por enquanto. |
Nim | Valor relativo ao número de pessoas/contas por minuto | Cada ser humano cadastrado e verificado recebe um Nim por minuto - Nim = Min. |
Steem | Valor fixo mensal | 10% são para testemunhas, que são como mineradores só que definidos previamente por votação e 90% para as pessoas que escrevem e votam em artigos na plataforma. |
Prosper | quantidade crescente - 50% ao ano) | Para investidores da PCD na proporção do investimento. |
Como se vê, existem diversas regras e formas sendo testadas no momento e é muito interessante ver isso tudo acontecendo. Sugiro a se aprofundar em cada um delas detalhadamente para confirmar e entender exatamente como funcionam essas duas regras básicas de cada moeda que for de interesse.
Eu trouxe esses exemplos para demonstrar que cada uma tem um universo próprio de princípios e objetivos que basearam a formação de seu modelo, e, na minha visão, é muito importante saber qual o subjetivo, a motivação e intenção, por trás do objetivo, que é o sistema de acordos criado.
Todos os modelos distribuem suas novas moedas para pessoas que geram valor para o sistema de acordo com a lógica instituída.
Teremos mais oportunidade a frente de olhar com calma para essas regras e as conclusões.
Seguindo na introdução temos o seguinte:
"O sistema da Prospera claramente foi pensado com muito cuidado e criou ferramentas diferentes, como a Poupança Coletiva Distribuída (PCD) e um mecanismo de emissão que une duas moedas: o Ether (ETH) e o Prosper (PRSP). Porém esse sistema provavelmente tenderá ao resultado oposto do que propõe: a melhor estratégia é acumular moeda.
Não pretendo cravar que haverá acumulação irrefreável na Prospera, mas quando existem regras que beneficiam quem acumula, cria-se um sistema de incentivos muito forte nessa direção. Me parece que é o caso e vou aqui tentar explicar em cinco cenários."
Percebe-se aqui, assim como no título, qual será a conclusão do texto de que "vale a pena" acumular os prospers o máximo que puder.
Eu trarei minha apreciações de acordo com os exemplos que foram trazidos no texto, mas antes de ir de cenário a cenário, vou expor uma visão geral do que vejo em relação a esse ponto.
Se acumular os prospers fosse a melhor alternativa, ela seria a melhor alternativa para todos os casos e, portanto, boa para todos! E não haveria motivo para qualquer tipo de questionamento em relação a isso. Se é bom para todo mundo é bom pro sistema, então, é bom e pronto!
Porém, não é bem essa a narrativa trazida na composição em análise, e sim de que é bom para uns, especificamente os que tem mais prospers, e ruim para outros, os que tem menos prospers (isso vai ficar mais claro mais a frente).
Mesmo sem adentrar no formato que eu acredito que faz sentido, explicado neste artigo, a lógica acima por si só não faz sentido para mim.
Vejam, se a PCD é sempre zerada e sempre depende de novos depósitos, pois prospers valem mais (ou menos) de acordo com o valor dos investimentos/distribuição, caso os que tem mais pensarem apenas em acumular e não em desenvolver o sistema, como é afirmado no decorrer do artigo, simplesmente deixará de ser interessante depositar na PCD.
Abra-se um parênteses para dizer que ontem fiquei sabendo que está sendo desenvolvido um software off-chain que possibilitará analisar todo o fluxo do prospers e das contas, trazendo uma transparência didática para todo o processo. Isso, como tudo que acontece nos ambientes da Prospera, foi a percepção de um nó - Diogo Carlloto - sobre uma necessidade que decidiu atender.
Voltando ao ponto, se acumular sem fazer nada faz os depósitos na PCD deixarem de ser interessantes para os demais investidores, irá ocorrer uma diminuição de depósitos, com isso, os prospers irão desvalorizar e se a pessoa que quer acumular continuar até ter maior parte de prospers, chegará um momento que só esse nó irá depositar e estará sendo distribuído apenas os valores que este mesmo deposita. Se os depósitos pararem completamente os prospers terão perdido todo o valor e tudo que ela terá serão vários tokens sem valor.
Na minha visão isso não é valer a pena, nem ao menos uma boa estratégia.
O que me parece como melhor estratégia é tentar equilibrar o sistema, entregar parte de prospers para iniciativas que façam sentido e estimulem os depósitos na PCD e aumentem a distribuição para todos. Aliás, é isso que tem acontecido, as pessoas que tem mais prospers estão atendendo chamados de crowdfunding para que outros nós possam iniciar projetos que sejam interessantes para o sistema e estimulem o depósito na PCD. Os debates que estão sendo realizados são para desenvolvimento de equipamentos de custos marginais zero, que diminuam as barrerias de produção, que permitam que cada nó possa exercer sua arte (cada vez menos sentido chamar de trabalho), então o que está sendo construído é muito mais profundo que fórmulas matemáticas.
Sinceramente, a verdade é que a vida é muito mais complexa que os quadros criados no texto e também dos questionamentos que eu trago aqui. Existem muito mais variantes do que se pode prever, portanto, as vezes questiono a validade de ficar tentando se prever o futuro, ao invés de viver o presente.
No caso em tela, colocarei apenas mais algumas reflexões e possibilidades para demonstrar que existem outras além das descritas no artigo analisado, e a verdade é que existem mais possibilidades do que eu conseguiria prever. Então, o intuito é mostrar que há um campo infinito de possibilidades e criaremos aquele que acreditarmos.
Sobre a PCD
No capítulo seguinte, foram trazidos alguns argumentos em relação a PCD:
PCD
A Poupança Coletiva Distribuída é o mecanismo de distribuição de PRSP gerados e de ETH “investidos na rede”.
Antes de começar, vale apenas fazer um adendo. A PCD, ao contrário do que alguns pensam, não é um investimento. Seria se o dinheiro colocado ali fosse usado para alguma coisa concreta no mundo real. Ela é apenas um sistema de redistribuição de ETH e PRSP. Basicamente é uma mão de poker: todo mundo coloca as fichas no meio e elas são redistribuídas conforme as cartas. E ninguém chama uma mão de poker de investimento…
Eu tenho outra percepção e, por essa razão, gosto de chamar de investimento, acho que nem é como a maioria das pessoas chama. Vejo investimento como o ato de colocar recurso em algo para que esse algo se desenvolva e gere frutos para si e para outros. Eu sei que sou abrangente com o conceito, chamaria de investir colocar dinheiro em um projeto social, por exemplo, e não de "doar", já que dependendo do trabalho desenvolvido renderá frutos para todos da sociedade. A Prospera é um pool de iniciativas inovadoras que buscam funcionar em um novo paradigma.
Assim, entendo que é um investimento em um ecossistema, o qual pode ser percebido no site da Prospera, nas abas de composto de [objetos](sujeitos](http://www.prsp.me/objetos/ e de sujeitos que são bem concretos no mundo real. Eu, por exemplo, tive a experiência de fazer o curso "Abundante" e também o "Jogo da Potência", que foram de altíssimo nível e apenas por eles já teria valido conhecer a Prospera. Ainda tem o DNA Sistêmico que não consegui acompanhar (deve ser algum motivo sistêmico... rs), mas ainda quero ver.
Todos esses cursos, foram realizados de forma que nós pudemos acessar o curso e fomos estimulados a realizar um depósito direto na PCD. Ou seja, ao invés de simplesmente pagar o curso, como ocorre geralmente, nós pegamos o valor que pagaríamos e investimos na PCD (investimento em todo o ecossistema de objetos e sujeitos que fazem parte por terem prospers em conta), com isso, recebemos a distribuição de prospers do mês proporcional ao depósito que fizemos e passamos a ter prospers relativos ao curso que simplesmente teríamos pago.
Agora, temos prospers e recebemos ethers em razão de um curso que fizemos, uma outra lógica do que qualquer progressão matemática em simulação estática de depósitos repetidos sem qualquer motivação explicada, muito diferente dos cenários que foram trazidos.
Atualmente, existem 173 contas que possuem prospers e podem ser consultadas no link: https://etherscan.io/token/0x0c04d4f331da8df75f9e2e271e3f3f1494c66c36 , inclusive com gráfico:
É claro que para se fazer algo em um formato novo, algo disruptivo, vai ser algo diferente do que o que estamos acostumados. É justamente com controle, definições, previsões e certezas que há escasseamento desnecessário de possibilidades, o conceito da Prospera tenta trazer uma nova perspectiva. Definir é escassear por natureza, o que quero é "infinir", como aprendi em um encontro (na lógica do Prosper) proporcionado por um nó da rede - o João Lucas Castanha - Intuição a serviço de nós .
Continuando a análise, vamos para os 5 cenários descritos a fim de demonstrar a tendência a acumulação.
Sobre os Cenários
Em relação ao primeiro cenário, foi exposto a seguinte hipótese:
Cenário 1 — O que fazer com seus ETH?
Imagine um cenário em que seis pessoas começam com 50 ETH e 50 PRSP cada, todas geram uma receita de 10 ETH por mês com seus produtos e serviços, mas cada uma tem uma estratégia diferente no uso de seus ETH.
Imagine que a primeira pessoa sempre investe todos os seus ETH na PCD, a segunda coloca 80% (porque decidiu gastar ou guardar o resto), a terceira 60% e assim sucessivamente.
O que ocorrerá será um fluxo de PRSP na direção de quem coloca mais ETH na PCD e um fluxo de ETH no sentido oposto.
Aqui o resultado é claro: quem coloca ETH na PCD está jogando dinheiro para ser redistribuído para todos, enquanto quem está guardando só recebe esse dinheiro. Se o ETH tem valor para você no curto prazo, esqueça a PCD e receba seus dividendos todo mês — se os outros continuarem gerando receita.
Mas apesar de o ETH ter uma liquidez maior que o PRSP (pois pode ser trocado mais facilmente por real para comprar coisas), acumular PRSP tem um potencial muito maior de ganhos futuros, como veremos a seguir. No longo prazo, ter mais PRSP te dá a possibilidade de ter muito, muito, muito mais ETH.
Não entendi muito bem qual é o ponto, porque não percebi qual o mistério revelado nesse exemplo. Se a pessoa investe os Ethers, ela está financiando outras iniciativas, e, portanto, ganha prospers pois está investindo no ecossistema próspero, acreditando nele e no formato de aumento de valor no futuro, crescendo assim a sua "participação" na Prospera. Se a pessoa gastar os Ethers ela está preferindo investir em outra coisa, talvez até no desenvolvimento do seu projeto, mas pode ser qualquer outra coisa, e portanto está preferindo usar agora do que poupar ou investir.
Aqui, no meu olhar, seria como comparar alguém que decidiu colocar pouco dinheiro na poupança tradicional e gastar o resto, com alguém que coloca muito dinheiro na poupança e, ao final, perceber que um está com muito mais dinheiro que o outro. Sim, não há dúvida quanto isso. Mas nem por isso a conclusão deve ser que você ao nascer deve colocar a maior parte do seu dinheiro na poupança até o fim da vida. Com certeza, se comparado com alguém que gastou fazendo outras coisas (viagens e jantares, por exemplo), estará com mais dinheiro, mas não significa necessariamente que foi a melhor escolha, isso é uma questão muito pessoal, que envolve diversos contextos e etc., além do que não quer dizer que esta é a melhor forma de se investir o dinheiro. Só se diz que se um colocar mais que outro em um determinado tipo de investimento, no final, um vai ter mais que o outro nesse determinado tipo de investimento (veja que os exemplos simplificam as possibilidades em depositar na PCD ou não depositar). São as leis naturais.
Acredito que a única conclusão aqui é que se poupar mais no mesmo tipo de investimentos, com as mesmas regras, obviamente vai ter mais, mas isso não quer dizer que vale a pena em relação as escolhas de vida e nem que essa é a melhor forma de se investir.
Essa conclusão de necessariamente poupar mais, vai ter mais, é no caso de poupança tradicional, pois no caso da Prospera, existem outras variantes, como, por exemplo, se eu ganho por algum motivo uma "bolada" em um mês e decido colocar tudo de uma vez na PCD, vou ganhar apenas a maioria dos prospers daquele mês, que vão representar no máximo 4,16% do total de prospers, e no mês seguinte, com um depósito relativamente menor será recebido mais prospers (isso proporcionalmente se existir uma certa regularidade, quebrada pelo mês atípico). Então não basta simplesmente colocar todo o dinheiro na PCD para acumular. (nada a ver com exemplo, só achei válido ressaltar esse ponto).
Mesmo no caso de depósitos regulares, como é no exemplo, como não há qualquer obrigação de depósito por parte dos investidores, caso haja um acúmulo injustificado, ou seja, que não faz sentido para o sistema, (acho que esse tipo de coisa só irá existir em hipóteses, porque na vida real não se terá lógica para chegar a esse ponto) haverá uma desvalorização do prosper pela falta de depósitos na PCD e quem acumulou ficará com vários prospers que não estarão rendendo nada e irão desvalorizar. Nessa situação, entendendo que uma possibilidade para se fazer rodar novamente seria investir os prospers acumulados em iniciativas que gerem valor para nós e que estimule novamente o depósito na PCD.
Próximo cenário:
Cenário 2 — Nunca circule seus PRSP
Imagine o mesmo cenário inicial, mas agora a situação é a seguinte: todas geram a mesma receita (10 ETH por mês) e colocam todos os seus ETH na PCD, mas algumas pessoas decidem usar seus PRSP ao longo do tempo (seja para comprar produtos, contratar serviços ou o que for). A Pessoa 1 não circula nenhum PRSP, a Pessoa 2 usa 10% por mês, a P3 usa 20%, P4 usa 30% e assim por diante.
O resultado? Quem não usa acumula rapidamente a maioria dos PRSP e dos ETH. Depois de um ano a Pessoa 1 terá aproximadamente 70% de todos os PRSP e ETH em circulação apenas por não ter feito nada. A maior parte da renda gerada por todas as pessoas vai para a mão da P1, e três pessoas terminam o ano com menos ETH do que começaram — mesmo tendo gerado 120 ETH cada uma ao longo dos 12 meses.
Ao longo do tempo, a diferença só aumenta. Portanto, pare de usar seus Prospers antes que seja tarde!
Em relação a questão de quem poupa mais tem mais, acho que ficou claro o que eu penso no outro exemplo. Então, para mim, é evidente que quem decide usar os prospers, se comparado com alguém que não usa, estará com mais no final, caso essa seja essa hipótese binária de deposita ou não deposita.
Porém, no caso em questão acho que teria sido um mal negócio acumular 70% dos prospers e não se preocupar em desenvolver o sistema com iniciativas de valor, pois se essa tendência continuar irá acontecer o cenário, que já foi falado, de simplesmente cessarem os depósitos na PCD. Mais uma vez, acho que esse exemplo só aconteceria de forma fictícia, pois não haveria motivação para chegar a 70% de um ecossistema que provavelmente iria reduzir os depósitos antes disso.
Portanto, ao meu ver, a melhor opção nesse caso não é acumular os prospers e não mexer, e sim investir eles em alguma iniciativa que faça sentido para nós. Como por exemplo a gráfica distribuída que está sendo desenvolvida. Se outras pessoas pudessem usar uma gráfica por depósito na PCD e o dono da gráfica quer 1/4 dos Prospers que foram acumulados no exemplo(70%), ou seja, 17,5% do total, provavelmente valeria pena. Porque com uma gráfica nesse modelo todos que usarem a gráfica estarão investindo na PCD e aumentando a quantidade de Ethers distribuídos, o que seria muito melhor do só ganhar dos outros 3 nós, que provavelmente em breve estarão desestimulados para continuar investindo, mas que com a gráfica podem se animar a continuar investindo.
Além disso, cada pessoa que usou a gráfica passa a possuir prospers e a ganhar ethers e também pode se interessar no desenvolvimento do sistema. Portanto, não acho que não mexer nos prospers seja sempre a melhor opção. Acho que o melhor é entender qual iniciativa desenvolverá mais o ecossistema, sendo, na minha perspectiva, muito melhor do que manter eles parados. O exemplo portanto só faria sentido, no meu jeito de enxergar, se só existissem essas 3 pessoas e todas fossem obrigadas a continuar depositando o mesmo valor indefinidamente, o que não acontece no mundo real.
Vamos ver o cenário 3:
Cenário 3 — Quem tem mais, tem mais ainda
Agora imagine que todos perceberam isso tudo, estão colocando todos os seus ETH na PCD e guardando os seus PRSP. Mas uma pessoa larga na frente. Todos começam com 50 PRSP, menos a Pessoa 1, que começa com 250 PRSP (50% do total).
O que acontece é uma distribuição de renda ao avesso. Os que têm menos financiam aquele que têm mais. Neste exemplo, 56% de todo o ETH gerado ao longo do ano foi parar nas mãos da pessoa mais rica, que ao fim do ano mantém 46% dos PRSP em suas mãos.
Esse caso começa de uma premissa que não fica claro, pois uma pessoa "larga na frente". Essa premissa, no que eu entendi, acaba gerando uma distorção.
O que seria largar na frente? investir antes enquanto outros não investiram tanto e depois se faz um corte para analisar? Se for isso, entra no caso de quem poupa mais tem mais, que já foi explicado anteriormente e que, mais uma vez, mesmo levando isso em consideração, apenas acumular não ser a melhor estratégia, pois o desenvolvimento e diversificação do ecossistema o faz muito mais resiliente, traz muito mais possibilidades de inovação, traz maior potencial colaborativo e criativo.
Agora se for o caso de uma hipótese do sistema ter se iniciado assim, eu não vejo porque seria importante pensar em uma ficção, mas ainda assim, na vida real, seria melhor investir em iniciativas que tragam valor de forma variada, pois vão estimular os depósitos na PCD, trazer resiliência e tudo mais que já foi dito.
Podemos analisar como exemplo o objeto Espaço Próspero que objetiva desenvolver modelo com a utilização gradual do espaço para eventos e coworking. Uma tentativa de equilíbrio entre uso e cuidado do local.
Cenário 4 — A posição não se dilui
No Cenário 3, a pessoa mais rica começou com 50% dos PRSP e terminou com 46%. Isso significa que a posição dela está sendo diluída, certo?
Teoricamente sim, mas esse processo é muito, muito, muito lento e não depende da receita gerada pela Pessoa 1. Ela pode apenas entar e relaxar enquanto recebe seus PRSP e ETH por muito tempo.
Mesmo se ela não gerar nenhuma receita adicional ao longo deste ano hipotético, ela pode continuar recolocando os ETH recebidos na PCD e, assim, continuará recebendo a maior parte da receita gerada.
Começando com 50% dos PRSP, se cada um dos outros gerar receita de 10 ETH adicionais por mês, a Pessoa 1 termina com 45% dos PRSP totais e 43% dos ETH, mesmo sem ter gerado receita alguma.
Se a receita adicional for de 1.000 ETH por pessoa, a Pessoa 1 termina com 41% dos PRSP e 37% dos ETH. Se for de 1.000.000 ETH por pessoa, a pessoa 1 termina com 40,8% dos PRSP e 37% dos ETH, tendo acumulado 22.447.023,2 ETH ao longo de um ano sem fazer nada.
A única coisa capaz de quebrar essa posição é o tempo — e apenas se a Pessoa 1 continuar não gerando receita alguma. Não importa o valor da receita gerada pelas outras pessoas, não importa quanto esforço e energia elas dedicaram. Basicamente essa receita estará sendo transferida para o mais rico.
Aqui também acho que só parece existir alguma coisa estranha em uma situação inventada e recortada da realidade, em que nada da poupança é usado por ninguém e que a premissa de largar na frente não foi explicada. Porque não consigo enxergar como sendo algo negativo, se você tem uma porcentagem de participação no total de prospers (vejam que o que existe até agora é se ter prospers: por ter investido na PCD em algum momento, comprado de alguém que investiu ou recebido prospers por se ter uma iniciativa que se acredita que servirá ao sistema e incentivará depósitos na PCD) e essa participação se manter se você não utilizar nada da distribuição dos ethers, reinvestindo e colocando em favor da rede novamente aqueles valores.
No mundo real, a verdade é que todo mês se abriu mão daquele valor em ethers em favor da rede, sem qualquer garantia de que a outra metade será depositada novamente, a qualquer momento esses valores poderiam ser investidos em algo ou simplesmente gastos. O estímulo aqui é que se invista em algo que irá retornar mais valor para rede, tanto em ethers quanto em prospers, quanto mais diversificada e maior a quantidade de pessoas utilizando o prospers, mais resiliência do sistema e também menos impacto de ações individuais, mesmo que egoístas.
Cenário 5 — E se torrar os ETH?
Com uma posição tão confortável em PRSP, não se preocupe: você pode gastar todo o ETH que quiser e não precisa colocar nada na PCD.
É verdade que a posição de liderança não é perpétua, mas ela é uma vantagem bastante confortável.
No exemplo anterior, se a Pessoa 1 pegar todos os ETH recebidos e usar para outras coisas, consegue viver muito bem por um bom tempo sem ser alcançada. A posição dela em PRSP se diluirá mais rapidamente, é verdade, mas ela ainda terá dois ou três anos de bonança recebendo uma boa quantidade de ETH no fim de cada mês.
Mais uma vez, só algo estranho sem a explicação do porque alguém larga na frente e também imaginar um cenário sem possibilidades de se fazer outro investimento em outras iniciativas.
Na vida, se alguém investiu e ajudou o sistema a rodar e em algum momento decide se "aposentar" nada mais natural do que usufruir por um período de tempo pelo que investiu. Talvez fosse algum problema se existisse uma perpetuação de uma posição, como acontece em uma empresa, mas aqui se não participar, a cada ano perde-se 50% do que se tem.
A diluição é bem rápida até, justamente porque o interessante é que as pessoas continuem contribuindo com a rede com o que gostam de fazer.
Conclusão — qual é o incentivo para a acumulação?
O sistema da Prospera não tende necessariamente para a acumulação, pois eventualmente uma posição de vantagem pode ser diluída. Mas esse sistema de emissão e distribuição cria sim um incentivo gigantesco para que as pessoas guardem suas moedas.
O dinheiro é meio, não é fim. A circulação de capital, portanto, é um meio para conseguir outras coisas. Ao que parece, a acumulação deste capital em PRSP te dá mais opções do que a circulação do mesmo.
Afinal, se você pudesse escolher entre cortar o cabelo pagando um PRSP ou guardar esse PRSP para receber ETH, trocar por R$ e cortar o cabelo com esse dinheiro, mantendo a renda desse PRSP, o que você faria?
A conclusão eu concordo em grande parte, o prosper está se caracterizando como algo para poupar e utilizar os ethers como rendimento ou reinvestir, só não acho que onerar o sistema com um grande acumulo será a melhor estratégia a longo prazo, mas sim ter uma participação equilibrada dentro do ecossistema que está sendo desenvolvido, investindo prospers em iniciativas que produziram mais "receita" e que gostaríamos de ver no mundo.
O dinheiro é por definição meio de troca, mas também reserva de valor, inclusive, por essa segunda opção que as criptomoedas estão ganhando tanto espaço, pois não tem a desvalorização proporcionada pelo sistema bancário atual (que aumenta a oferta monetária - emissão/criação de dinheiro). Na Prospera, a poupança permite investir no desenvolvimento de iniciativas que gerem valor para o próprio sistema. Essa opção é melhor do que apenas poupar, como foi demonstrado nos casos acima.
Por exemplo, se os organizadores do Rock In Rio decidem que todo ano vão disponibilizar os ingressos pelo depósito na PCD, quantos porcento do total de prospers vale disponibilizar para eles?
Acredito que a visão para analisar a Prospera necessita ser mais integral, aproximar individual e coletivo, inclusive por isso foram disponibilizados diversos cursos que trabalharam os paradigmas internos de cada um, também através de depósito na PCD.
Bom, esse é o meu ponto de vista, e não me coloco como nenhum especialista ou conhecedor da verdade, mas apenas como mais um interessado em fazer projetos darem certo.
Saudações,
Lucas O. Portella - steemit.com/@lucasportella
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Que belo artigo rapaz, muito completo! Não pude ler inteiro ainda mas gostei muito da forma que desenvolveu o tema! Assim que possível eu termino e dou minha opinião.