Em 2016 fui surpreendido pela eleição do Trump nos EUA. Foi uma lição importante sobre não acreditar em pesquisas e analistas. Também foi uma lição sobre como o cidadão comum define seu voto.
Entra 2017, e o fenômeno Bolsonaro se apresenta ao Brasil. Ato contínuo, percebo que ele tem uma rejeição em dois grupos distintos: a esquerda festiva e pessoas com um pingo de bom senso para não votarem nele e ao mesmo tempo saberem a canoa furada que é votar na esquerda.
O primeiro grupo é mais coeso e participante. Começa a anti-campanha. Mas ela vem contaminada por um dos maiores defeitos da esquerda festiva: um incorrigível senso de superioridade moral auto-aplicado. "Nós sabemos o que é certo, então nos ouçam". E a campanha se baseia em ridicularizar tanto o candidato quanto seu apoiador. Era exatamente o que fez a campanha da Clinton nos EUA. O grupo de eleitores não de esquerda abraça a anti-campanha. Eles tem um pingo de bom senso, mas é apenas um pingo.
Gritei na mesma hora: "Não façam isso ! Vocês vão pavimentar o caminho do cara para o Planalto assim". Ouvi respostas como "você não entende nada de ciência política" ou, menos agressivamente, "não é o mesmo cenário dos EUA".
Não é o mesmo cenário, mas há similaridades no perfil do eleitor. Os ataques seguiram, e o cara conseguiu sedimentar seu eleitorado, que nem é tão grande, mas é sólido. Aliás, é o mais sólido de todos os candidatos, composto por cidadãos de saco cheio da mais variada gama de coisas: corrupção, economia, desemprego, movimentos sociais, violência ou o cancelamento de Sense8.
Os institutos seguiram nas mentiras de sempre. Desde 1994 apresentam valores artificialmente menores para os candidatos da direita ao longo da campanha. Passa o tempo e a candidatura dele não desinfla, como a esquerda esperava ou pelo menos torcia por.
Chega setembro de 2018.
Não tem mais como segurar a mentira nas pesquisas, então é preciso aproximar os números apresentados da realidade. Bolsonaro, falsamente apresentado com 16 a 18 % dos votos começa a subir. Chega a 20%. Acontece então a melhor coisa que podia ter acontecido: a facada orquestrada por um maluco de estrema esquerda. Agora não tem mais jeito: 23%, 26% e 28%. Já tem pesquisas falando em 33%.
E agora, a duas semanas do pleito, surge uma campanha para não mencionar o nome de Bolsonaro para evitar dar mídia para o cara. É uma estratégia de adolescentes que acham que estudam em uma famosa escola de magia, com a vantagem adicional de ainda poder chamar quem não concorda com eles de "trouxa". Lembram da arrogância moral que falei acima ? Olha ela aqui de novo.
Minha análise: já era. O cara tá eleito em primeiro turno e (muitos de) vocês ainda nem se ligaram disso.
E assim vamos (sim, "vamos" pois todos nós fazemos parte do processo sim) eleger esse sujeito para presidente, junto a um Congresso completamente aleatório e não lhe servirá de base. Mais 4 anos sem avançar em nada.
Parabéns, Brasil.
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