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A viagem começou com uma experiência razoavelmente bem sucedida: fui para o aeroporto de trem, linha 13-Jade da CPTM. O conceito funciona em termos: sem malas (Luciana as levou sozinha) e sem muita pressa, pois foram 3 baldeações. Uma vez em Cumbica, tudo transcorreu com tranquilidade, até porque eu fizera o check-in via app dois dias antes. Nota negativa para um abusivos preços praticados pelos restaurantes e lanchonetes locais. Por isso estão todas fechando.
O voo teve perrengues administráveis. Não recebemos cardápio, e quando o passageiro na fileira à nossa frente gentilmente cedeu o dele, estava errado. Foram vários trechos de turbulência, alternados com um choro de criança que aparentemente gostava da turbulência, pois só chorava nos trechos de voo suave. No mais, a refeição estava muito boa e o entretenimento de bordo bastante vasto. Não é culpa da LATAM se eu escolhi mal os filmes (Venon e mais algum outro que sequer consigo me lembrar qual foi).
Aqui, um aparte. Eu pensei comigo mesmo e entendo que pagaria sem problemas uma sobretaxa de 5% no valor da passagem para não haver crianças a bordo, mas não creio que pagasse 100%. Em algum lugar nessa escala está meu ponto de indiferença. Logo, entendo que há oportunidades de ganho para as empresas aéreas: voos sem crianças e mais caros. Minha sugestão: estudem isso.
O desembarque em Lisboa foi tranquilo, com uma notável exceção: a imigração. Pegamos uma fila de 90 minutos apenas para mostrar nossos passaportes e podermos entrar no país. A estrutura tinha 16 guichês e eu fiz contas: se uma pessoa levar 1 minuto para ser liberada, eles tem uma capacidade de atender 16 pessoas por minuto. 160 pessoas levarão 10 minutos. Então 3 voos com 320 passageiros chegando juntos geram 1 hora de trabalho, ponto. Coloque um quarto voo, alguns passageiros a mais em cada um deles, eventuais entraves burocráticos com alguns viajantes e 3 cabines desativadas para gerar o caos em questão.
Ainda no saguão do aeroporto, já providenciei um chip para o celular. Foram 15 euros para um chip da Vodafone com 30 GB de dados, válido por 15 dias. Estava funcionando antes mesmo de eu sair do estande. Recomendo fortemente. Pegamos o metrô sem dificuldades, pois fica colado ao setor de desembarque e seguimos para o Hotel Sete Colinas, onde ficaram nossas malas. Apenas a curiosidade do metrô lisboeta correr pelo lado esquerdo dos trilhos. Leva dias para se acostumar a isso.
Outro aparte aqui: escolhendo a saída correta do metrô, a porta do hotel fica a 8 metros da mesma. Sim, era isso mesmo, amigo leitor: 8 metros. Desta vez, eu me excedi no critério "localização boa".
Partimos para um walking tour, portanto. Luciana estava cansada de não dormir no voo (ela realmente não dorme quase nada), mas ficar zumbizando no saguão do hotel não era aceitável.
Foi tipo isso:
Começamos pela Avenida da Liberdade, seguimos pela Praça dos Restauradores e entramos no bairro da Baixa. Almoçamos um tal "cozido português", que é um ensopado de variados cortes de carne (e nem achamos isso tudo...) e visitamos a combalida igreja de São Francisco, arruinada pelo terremoto de 1755 e um incêndio em 1959.
O caminho ainda passou pela Praça da Figueira e logo achamos a famosa Rua Augusta, onde um pombo cagou no meu ombro, e chegamos na Praça do Comércio, ampla e linda. Na volta, encontramos o Elevador de Santa Justina, que cobra uma enormidade para te levar morro acima em 3 minutos de viagem. Depois de subir sim o tal morro, chegamos ao Miradouro de São Pedro de Alcântara.
Fizemos o caminho morro abaixo por outra rua, o que acidentalmente (sim, eu admito) nos levou à Igreja de São Roque. Havia tempo antes do passeio seguinte, o que nos permitiu entrar e visitar com alguma tranquilidade.
De lá voltamos para as proximidades da Rua Augusta, mas precisamente na Rua dos Correeiros, onde fica o Museu do Banco BCP. Não lembro exatamente quando, o local era uma padaria (ou algo assim). Quando a rua foi transformada em calçadão, o proprietário quis escavar o subsolo para construir uma garagem. Obteve as autorizações e partiu para obra, mas logo deparou-se com uma ruína romana. O banco foi até lá, comprou a bagaça toda e bancou a escavação arqueológica. O resultado foi um centro de produção de garum, um tipo de licor de peixe. Se isso lhe causa estranheza, estamos falando de molho inglês. O local está incrivelmente preservado, podendo-se observar distintas fases da construção, estruturas de produção e armazenagem e até mesmo um ossário estava no local. Detalhe: visita com guia e gratuita, de hora em hora.
Ao final desse passeio, por volta das 17h, Luciana pifou. Levei-a para o hotel, onde ela compreensivelmente desabou de cansaço, e eu ainda tive ânimo para encontrar o amigo Douglas Donin pela primeira vez em pessoa.
Jantamos em um restaurante próximo. Peixe, oras.!
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