As florestas podem ocultar criaturas e naturezas estranhas ao nosso mundo habitual, e elas podem ser perigosas.
Direção: Corin Hardy | Gênero: Terror
Ano: 2015 | Nota no IMDB: 5,7/10
ESSE TEXTO CONTÉM ALGUMAS INFORMAÇÕES QUE PODEM SER INTERPRETADAS COMO SPOILERS (apesar de eu ter evitado colocar as partes vitais da trama)
A Maldição da Floresta ou The Hallow é um filme que não foge muito dos padrões do terror convencional. Começa com uma mudança da família para uma localidade rural, com um bebê recém-nascido na família e com um lugar cheio de lendas e pessoas desconfiadas dos novos habitantes. A fórmula é clássica, assim como é o andamento do filme, os sustos, os efeitos sonoros e os movimentos de câmera... Há de se falar que o gênero terror necessita de uma renovação urgente. Todos os artifícios usuais estão saturados. Contudo, o filme tem seus méritos no modo em que conta a estória, em como articula esses elementos desgastados dentro de uma trama interessante.
O filme conta a estória de Adam, especialista em plantas e fungos, sua esposa Claire e o pequeno filho Finn, um recém-nascido. A família vai morar no interior da Irlanda, em meio a uma grande floresta antiga perto de uma vila que lembra outro século. Fazendo seu trabalho estudando a vida da floresta, Adam encontra uma casa abandonada e, nela, a carcaça de um animal com uma substância semelhante a um fungo. A partir disso, coisas estranhas começam a ocorrer com a casa, desconfiando o casal dos seus vizinhos hostis que insistem em que não se estabeleçam ali ou se intrometam na floresta.
Logo, percebe-se que as coisas que vêm acontecendo vão muito além da ação humana. O policial local e outros moradores falam a eles da existência dos Hallow, dos sagrados, criaturas que habitam a floresta e que, uma vez que tenham seu domínio invadido, também invadem o domínio do invasor. Esses seres seriam retratados nas lendas antigas como fadas, elfos, duendes, o que for. Seriam criaturas habitantes daquelas florestas ou aquilo que costuma ser chamado de elemental. É esses seres que atormentam a vida do casal e da criança, esta última que tem um valor especial para as criaturas da floresta.
O filme trata do conflito entre a família e os sagrados da floresta. Bom, isso não é nenhuma grande inovação, mas traz um conceito interessante. Esses seres elementais viveriam há milênios nas florestas do povo celta e, agora, com as florestas do país sendo privatizadas no filme, os locais sagrados estariam sendo “invadidos” pelos interesses financeiros, profanando aqueles locais de caráter sagrado para todo o povo e tradição locais. Porém, esses seres não são humanos ou animais, eles se estabelecem em outro nível. Eles são como entes que habitam numa camada mais sutil da existência, entre a força que dá vida a floresta e nossa mente. No começo do filme, Adam fala sobre um fungo que “entra na mente” das formigas, transformando-as em escravas de suas vontades. O sentido das criaturas em relação aos humanos parece seguir caminho parecido.
Como já mencionado, o filme segue fórmulas já desgastadas, mas ele não se propõe a ser diferente. É um filme de terror que serve como entretenimento. Não pode se dizer que ele seja ruim, mas também não é nada de especial. É importante entender que ele não se propõe a algum tipo de inovação, cumprindo, assim, bem o seu papel. Ele conta com belas cenas dentro das florestas irlandesas, cenas muito bem construídas que valem como ponto para seu componente estético. Ele pode pecar em alguns aspectos, mas é um filme assistível.
Referências