Adaptação da canção Le Moribond, do belga Jacques Brel, a música Seasons in the Sun conquistou um lugar entre grandes sucessos no mundo de língua inglesa. Foi adaptada para o inglês pelo cantor e poeta Rod McKuen no ano de 1964. Enquanto a canção original em francês era de algum modo rápida, a adaptação de McKuen foi mais pesada, lenta, com voz rouca e melancólica, o que trouxe para a música mais peso do suicídio que nela é retratado. No entanto, seria apenas em 1974 que a música se tornaria sucesso mundial na voz do canadense Terry Jacks, sendo um dos quarenta singles que conseguiram vender mais de 10 milhões de cópias pelo mundo na história. No ano de 1999, no Reino Unido, a mesma canção, regravada pelo grupo Westlife, alcançou grande sucesso. A música foi regravada por várias bandas, tendo até uma versão feita pelo Nirvana.
O post tem mais a finalidade de compartilhar a canção e falar um pouco do seu sentido, sem entrar numa ampla análise. A música joga com o peso emocional de um suicídio naquele que escreve uma carta de despedida e faz imaginar o efeito que terá nos personagens mencionados. Há uma aparente contradição entre a tonalidade triste do conteúdo da canção com sua melodia de certa forma alegre, deixando também um aspecto otimista daquele que escreve a carta transparecer.
A minha versão predileta é de Rod McKuen:
Gostaria de colocar a letra e traduzi-la, mas acredito que a cheetah pode acusar a postagem, então vou falar brevemente sobre o conteúdo da letra.
Ela inicia se despedindo de Emile, amigo do autor da carta. Ele fala que eles se conhecem desde os nove ou dez anos, que juntos eles escalaram colinas e árvores, aprenderam do amor e do ABC, esfolaram seus corações e esfolaram seus joelhos. Então diz adeus a Emile e diz que é duro morrer quando todos os pássaros estão cantando no céu, agora que a primavera está no ar e as garotas bonitas estão em toda parte. Termina falando “deseje por mim e eu estarei lá”, chamando o refrão que canta: “Nós tivemos alegria, tivemos diversão, nós tivemos estações no sol, mas o vinho e o som, como as estações, todos eles se foram”. Então ele se despede do pai, falando que foi a ovelha negra da família, que o pai tentou ensiná-lo o certo do errado e que com muito vinho e muito som foi como conseguiu conviver. Depois se despede de Françoise, sua fiel esposa que o salvou da solidão, mesmo tendo o traído várias vezes; ele a perdoa por isso no fim, pois o amante de sua esposa era seu próprio amigo. Quando o refrão repete, ele diz “Nós tivemos alegria, nós tivemos diversão, nós tivemos sessões no sol, mas as estrelas que pudemos alcançar eram apenas estrelas-do-mar na praia”. Despede-se uma vez mais dos três, repete o refrão e encerra.
A carga da letra é bastante pesada. Temos uma pessoa que conviveu com um relacionamento difícil com o pai, um casamento aos pedaços onde ele era traído pela mulher (será que ela o traía com seu amigo Emile?), mas a ela era grato por ter dado alguma companhia em sua vida solitária. Ele lembra com nostalgia os anos em que cresceu com Emile, que parece ser seu melhor amigo; ambos aprenderam da vida enquanto esfolavam seus joelhos e também seus corações. A primavera faz lembrar esses tempos distantes com nostalgia, evocando uma época em que o potencial humano otimisticamente se desdobrava nas esperanças do futuro. Havia muitas estrelas por alcançar certamente; a ideia das estrelas por alcançar representa o desejo de viver ou o próprio desejo que move a vida de uma coisa a outra, dando sentido à existência. No fim, sob o doce clima de primavera, enquanto os pássaros cantam e todos estão felizes, ele se depara com a dura realização de que essas estrelas nunca foram reais, mas apenas simulacros jogados ao chão da praia, longe do céu que um dia sonhara alcançar. De alguma maneira, ele aguentou até aquele momento lutando contra suas tendências depressivas; muito vinho e muita música ajudaram, quem sabe. Mas não passaria daquele ponto. A criança interior desiludida por tudo que não foi alcançado e por quão insuficiente tudo que há resultou se junta ao adulto engolido na amargura da desesperança, já sem forças para seguir em frente ou alimentar novos sonhos. Melancolicamente, enquanto as flores desabrocham lá fora, as gurias bonitas estão por tudo e os pássaros cantam no céu limpo, ele dá fim à sua vida criando essa ambivalência nascida do abandono total à morte e da vida alegre que nasce nas manhãs primaveris. Talvez o que isso indique é que ele tenha percebido, uma vez por todas, que mesmo todas as belezas que sorriem lá fora não passariam de estrelas-do-mar, incapazes de dar sentido à sua triste vida, incapazes de livrá-lo do peso de morte que afunda a sua existência.
Há outra versão, que foi a que eu conheci primeiramente, gravada por Boyd Rice e Rose McDowall sob o nome artístico de Spell, em um álbum que leva o nome da mesma música que este pequeno texto apresenta. A ideia do álbum foi regravar dentro de uma interpretação bastante única digna de Boyd Rice e McDowall, ícones do neofolk, canções pop que tivessem como temas de amor trágico:
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A versão de Rod McKuen é muito mais bonita, retrata melhor o drama da despedida, sua voz rouca carrega de tristeza a canção!
Sim, concordo com você! Eu gosto muito desse cantor, pena que ele não é muito conhecido. As músicas tristes dele são muito fortes no quesito emocional. Encontrei poucos cantores assim até hoje. Obrigado pela leitura e pelo comentário!
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