Como se Morre de Velhice - Poema de Cecília Meireles.

in #pt7 years ago

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Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.

Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.

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Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.

Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.

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De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.

(Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.)

Cecília Meireles, in 'Poemas (1957)'

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Muito obrigada pela visita e pelo vosso apoio.

Voltem sempre!

Um excelente fim-de-semana!

Fotografias @ginga.

Sort:  

Bolas, que poema lindo, triste e pesado! As fotos a condizer, são lindas! Mil beijinhos, minha querida!

Obrigada minha querida! Xi-coração!

Belo poema , a indiferença que destrói o ser humano

É mesmo verdade! Este poema da Cecília Meireles é fortíssimo! Abraço, caro amigo!

Completamente. Maldita indiferença! :(

Verdade @osazuisdela!!! Obrigada pelo comentário. Abraço.

Cecília Meireles temos que resgatar para os dias de hoje