Fala, gente! Tudo bem com vocês?
Por conta da correria não estou conseguindo manter a frequência que gostaria aqui no blog. Em contra partida, muitas coisas legais tem acontecido fora do mundo digital e com certeza renderão outras postagens!
Quero iniciar uma nova série de postagens onde vou apresentar vários nomes importantes desse instrumento fantástico que é a guitarra (sou suspeito pra falar, eu sei...).
Pra começar, escolhi um músico brilhante mas que infelizmente teve uma história de vida muito dura: Jason Becker!
Jason Becker é um guitarrista dos anos 80 de uma safra onde o virtuosismo estava em alta no mundo das 6 cordas. Nessa época surgiram diversos nomes que tocavam com técnicas exuberantes, aliadas sempre a musicalidade e bom gosto (muitos pegando carona nos clichês de Eddie Van Halen e Yngwie Malmsteen, talvez os principais difusores dessa escola velocista de tocar).
Jason aprendeu a tocar ainda criança. Com 3 anos de idade, seu pai Gary Becker (também músico) lhe deu a primeira guitarra e pouco tempo depois começou a ensinar o filho. Começou praticando canções de Bob Dylan, Clapton e logo depois foi para Jeff Beck e o já citado Eddie Van Halen. Estudou muito violão erudito, o que deu um toque neo clássico para as suas composições.
Becker se destacou no cenário rápido e ainda muito jovem. Com 18 anos montou seu primeiro grupo expressivo, a banda Cacophony (junto com o também virtuose Marty Friedman, que veio a integrar o Megadeth anos depois fazendo parte da formação mais bem sucedida da banda). Os dois jovens guitarristas lançaram dois discos com a banda (Speed Metal Symphony e Go Off) que contém solos extremamente complexos e duetos incendiários de guitarra.
(Marty e Jason. Dupla incendiária de guitarra)
Depois da dissolução do Cacophony, Becker lançou seu primeiro disco solo, o lendário "Perpetual Burn" (de 1988). Esse disco teve um impacto tremendo na comunidade guitarrística. Becker trazia óbvias inspirações de Malmsteen, mas com uma tremenda personalidade. Há passagens de entortar os dedos e há melódias quase celestiais de tão lindas. É um discaço!
(Capa do disco Perpetual Burn)
Depois do sucesso de Perpetual Burn, Becker já era um guitarrista consagrado e seu nome chegou aos ouvidos de ninguém menos que David Lee Roth (o eterno frontman do Van Halen). Lee Roth estava recrutando integrantes pra gravação e tour de seu terceiro disco solo ("A little ain't enough"). Becker substituiria ninguém menos que Steve Vai.
Esse trabalho era o emprego dos sonhos pra qualquer guitarrista.
Infelizmente, durante as gravações do disco de Lee Roth as coisas começaram a desmoronar. Becker começou a mancar em uma das sessões alegando fraqueza na perna esquerda. Ignorou o problema até ser pressionado por seus amigos, colegas e familiares.
O diagnóstico veio como uma bomba: Becker estava com ELA, a Esclerose Lateral Amiotrófica. Uma doença degenerativa que paralisa todos os movimentos do paciente progressivamente.
Becker conseguiu concluir as gravações do disco mas no final não estava mais com condições de sair em turnê. A doença paralisou primeiro o movimento das pernas, os braços (o obrigando a parar de tocar guitarra) e por último a fala.
Ele está vivo até hoje e respira com ajuda de um aparelho. Ainda tem os sentidos da audição e da visão e o cérebro ainda está lúcido. A comunicação se dá por meio de um sistema que Gary Becker criou. Foi dessa forma que ele concluiu as composições do seu segundo disco (Perspective, de 1996).
Perspective é um dos meus discos favoritos. Foi composto inteiramente por Becker mas quem gravou as guitarras foi outro grande músico, o guitarrista Michael Lee Firkins (falarei dele em alguma postagem dessa série com certeza).
Sempre que ouço esse álbum fico imaginando como seria se o próprio Becker tivesse gravado, apesar de Firkins ter feito um trabalho primoroso.
Vários tributos foram realizados com intenção de arrecadar fundos para o tratamento do guitarrista. Em 2012 o diretor Jesse Vile lançou um documentário nomeado "Jason Becker: Not Dead Yet", que narra toda a trajetória do guitarrista com depoimentos de seus familiares, amigos e outros ícones do instrumento (Steve Vai, Marty Friedman, Eddie Van Halen, Joe Satriani entre outros).
Jason ainda compõe (usando o sistemas criados especialmente pra ele) e dá entrevistas regularmente. Ele exibe uma alegria imensa de estar vivo apesar de todas as condições adversas e de ter sido privado de fazer o que mais gostava.
Mesmo vivo, Jason Becker virou uma lenda para todos que tocam guitarra e uma inspiração pra qualquer ser humano que tem contato com sua trágica história.
Abaixo, alguns links interessantes pra saber mais sobre o guitarrista:
Trailer do documentário "Jason Becker Not dead Yet". Difícil não derramar algumas lagrimas assistindo:
"Jason Becker ainda não morreu" - Mini documentário feito pelo guitarrista/youtuber Marcos de Ros:
Jason ainda adolescente na sua escola tocando o solo de introdução da música "The end of the world" do grande Gary Moore:
Jason em um de seus workshops demonstrando um fragmento que viria a fazer parte de uma de suas composições mais famosas, Serrana, do álbum Perspective:
Jason participando do "Ice bucket challenge", um "desafio" em solidariedade e conscientização com as vítimas da mesma doença.
Canal do Jason no Youtube onde tem vários vídeos interessantes (coisas de quando ele era criança, depoimentos e etc)
https://www.youtube.com/user/Beckerooski/featured
Link pra ouvir o álbum Perpetual Burn:
Link pra ouvir o álbum Perspective:
Obrigado pela leitura!