Concordo. E o post é muito bom também. Mas acredito que sempre podemos falar sobre o feminismo, temos que falar, em todos os lugares, sobre o machismo também. Pois vai alem das consequências descritas no post. Esta na gente, por mais que lutemos, esta encrustado, por uma evolução histórica da sociedade. E mesmo que cansemos de falar, ainda deixaremos muito a ser discutido.
E aqui conseguimos discutir. O que não acontece em outras plataformas, onde reconheço que também deveria estar discutindo, mas infelizmente não consigo. O feminismo virou uma palavra que engloba muitas questões a ser discutidas, e fica difícil discuti-las sem procurar um culpado. O que cai na cultura do machismo, e muitos homens e mulheres tomam para o pessoal, as discussões que são para além do nosso tempo ou cultura.
Não sei quem é do interior, eu nasci em cidade do interior, e o machismo é natural, como mudar algo que é natural, não sei como são as capitais, venho conhecendo o Rio por poucos anos, e vejo uma notável diferença entre discussões. O interior é mais fechado, minha estrutura familiar e de muitos amigos e família, é centrado na estrutura do pai de família, os dos meus pais e avos foram assim também. Assim como são de muitas pessoas, que não conseguem ver alem do lhes foi apresentado em sua realidade.
Acaba que os movimentos extremos e conservadores, principalmente quando tomam a religião como um todo, de modo estrito a interpretação da bíblia e de quem oferece uma linguagem acolhedora para essas leituras, a quem está precisando ouvi-las, torna esse padrão familiar mais forte, mais enraizado. E vemos que não é só aqui, é muito maior do que o Brasil, do que as religiões.
Só nesses tempos de diálogos, onde tomamos para nos todas as questões que julgamos que nos afetam, ou lutamos contra o que não entende as questões que nos afeta, não conseguimos aproximas ao dialogo esses temas que são de estrema importância, até na minha área de atuação, onde o filho tem que "ter várias mulheres, ser pegador, o gala da novela" - homem é o provedor, deve ser homem e usar sua masculinidade, e a filha "comportada, não usar roupas curtas, namorar só quando tiver idade, não pode falar de sexo, bebe vem de gaivota," - mulher não pode ser mulher, só quando for mulher, e essa luta até se tornar mulher é longa.
É um padrão generalista, sempre quando discutimos termos culturais, iremos usar termos generalistas, mas um generalista, que quando ao individual, vejo todos o dias, o sexo masculino que não conseguiu ser o "homem", e o sexo feminino que não conseguiu se tornar "mulher".
Quando somos seres homossexuais ao instinto, pois nosso sexo genético, o XX e XY, não determina nossa escolha sexual, o inconsciente não tem sexo, o consciente que determina nossa escolha sexual a partir da vida que temos. A cultura do preconceito, do julgamento moral, da falta de liberdade individual e dialogo em casa, nos torna seres com dificuldade de lidar com uma problemática, que não é pessoal, é uma problemática que não tem culpado, não cabe valoração, é de um tempo muito além do nosso tempo biológico humano. Somos assim e como poderemos mudar, não é valorando o passado, ou projetando o futuro, é construindo a linguagem do presente, sem tornar isso pessoal. Acredito que não conseguiremos em nosso tempo, mas os movimentos estão ai com cada vez mais voz, já se conseguiu muito, e o tempo da sociedade vai seguir o que agora sustentam o que foi construído ao longo da historia.