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Envolva-se em qualquer discussão na internet que instigue opiniões tão opostas — dado seu status polêmico — e, em pouco tempo, você poderá se perguntar: será que sabemos mesmo debater?
Não importa o que você ache sobre quais seriam os parâmetros aceitáveis para se ter um bom debate. Durante qualquer debate que fomente nossas mais primitivas emoções, temos por certo (ou por uma sutil inclinação, ou por um desejo declarado) nosso interesse de mostrar que, sim, temos razão.
Afinal, qual seria a graça de despendermos nosso tão precioso tempo e nossa tão raquítica energia diária com alguém com o qual não compartilhamos opiniões parecidas, nem mesmo uma intimidade amistosa? Por que — você pode querer saber — alguém tão repleto de razão como você deveria rebaixar sua atenção a alguém cujas opiniões são tão torpes e descabidas de verdade?
Certamente você não tem interesse algum em perder um debate para esse tipo de pessoa, não é mesmo?
Pois deixa eu te contar uma coisa: não existe isso de “perder um debate”. Se você sente que foi “derrotado” ao debater com alguém sobre algum assunto, você definitivamente não reconhece as virtudes próprias de um debate propriamente dito.
Debater não é digladiar, argumentativamente, com as pessoas de visões opostas. Debater é dar espaço para que aquelas novas ideias (que você nunca viu ou não relevou) encontrem-se com aquelas com as quais você concorda. Debater é a ponte pela qual a possibilidade de sermos sábios, reconhecendo nossos erros e validando nossos acertos, percorre e nos permite a sabedoria.
Se você sente que “perdeu um debate”, você está errado. O que você perdeu foi o espírito de um debatedor genuíno, aquele que se utiliza da razão, da honestidade intelectual e de seus conhecimentos da forma mais virtuosa possível: reconhecendo o que há de errado em si mesmo.
E nada menos virtuoso que declarar-se ao lado da verdade antes mesmo de se dar a oportunidade de testá-la sobre si mesmo.
Lembrei de alguns autores que associam a impressão de perder um ponto de vista para outro, com perder sua individualidade. Essa sensação é como uma morte do eu. Por isso é tão útil não mesclar sua noção de "eu" com seus pensamentos e comportamentos. São todos passageiros e, de úteis, podem se tornam ultrapassados para você mesmo em certo momento. Na medida que perdem a validade, é preciso renovar. Mas o espírito se mantém e não perde seu valor, muito pelo contrário. Gostei do texto!
Tem um psicólogo meio famosinho chamado Jonathan Haidt que, numa palestra brevemente resumida aqui, fala sobre nosso cultivo a símbolos religiosos e como qualquer crítica negativa a eles acaba por ser pessoalizada pelos crentes. Acontece que ele generaliza isso para toda condição humana que envolva rituais tribais, de modo que os símbolos que cultivamos como sagrados (no caso, ele fala da "justiça social" em contraposição à "verdade" — que podem ser tidas como símbolos de apego proto-religioso) sejam símbolos próprios de nossa identidade, de nossa constituição pessoal. Realmente é algo a se pensar: afinal, o quão tribal estou sendo ao me apegar tão fortemente a certas ideias?
Eu estava pensando exatamente sobre isso durante o final de semana.
Mas daí você escreveu com bem menos palavras do que eu poderia conseguir. Mereceu um re-steem.
Fico feliz em ter te ajudado a organizar os próprios pensamentos de modo não-intencional, espero que goste das próximas publicações!
Debate respeitoso chamo de brainstorm, debate político na TV chamo de barraco, debate de Facebook chamo de marketing de relacionamento kkkkkkkkk Seu último vídeo não abriu inteiro no meu celular, a principio gostei muito vou ver inteiro no notebook e comento. Um abraço
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Hahaha, adorei a categorização... Quanto ao meu último vídeo, acho que o problema é o DTube mesmo... é algo que precisa ser melhor desenvolvido, espero que aguente o tranco dos meus próximos vídeos. De toda forma, todos você pode encontrar no meu canal no YouTube: http://youtube.com/AlyssonAugusto/
Debate sempre será produtivo quando não se perde o foco e vão para o lado pessoal... kkkkk particularmente adoro debates... sempre aprendo muito mais quando tem discórdia...kkk
Eu também fico melhor motivado pela discórdia, hehe. Porém às vezes a discórdia mais atrapalha do que nos faz ir além de nossa percepção limitada sobre o tema. E se tem arrogância no meio, aí complicou.
Realmente man, geralmente quem discute em brigas são as pessoas extremistas. Pode haver algum transtorno de personalidade ali no meio ou imaturidade que deixam as pessoas no extremo, fazendo com que tudo que esteja fora desse do lado extremo que ficam, seja visto como errado. A pessoa toma para si como um ataque ao ego quando o outro fala algo que não está de acordo com o que ela pensa.
Ontem mesmo uma colega da faculdade me deu carona, e durante a viagem ela começou a falar dos problemas dela com discordâncias em sala de aula. Ela deixou bem claro que não sabe reagir de um modo frio a situações de conflito intelectual, e olha que considero ela uma pessoa bastante madura pro nível médio de pessoas que conheço na universidade. Daí que me pergunto até que ponto esse é um problema individual, e qual seria a linha tênue entre ser um problema individual e ser um reflexo da educação da pessoa e seu trato a nível social. De toda forma, certamente é algo que envolve as duas instâncias, sendo a questão então descobrir como influir pra tentar ajudar a pessoa a se desprender (ela acredita que fazer um canal no YouTube lhe ajudará a superar seu problema com falar o que pensa sem premeditar reações negativas — inspirada no que ela vê eu fazer).
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Eu fico espantado com quantas pessoas não conseguem admitir que estavam erradas... O que as leva a não aprenderem e que as leva a entrar nessa guerra do debate (mesmo quando de certa forma sabem que estão errados)
@maxjoy É o ser humano. A questão não é apenas ter consciência de que está errado ou estar certo. Uma vez o orgulho ferido, pouco importa o certo ou o errado por mais absurdo que pareça. Entra em ação a "defesa do terreno" e acontecem as discussões mais estupidas e estapafúrdias que se pode imaginar. Infelizmente... sempre... sempre... será assim! É a natureza humana.
;D
Acho que mais construtivo do que destacarmos a fragilidade das pessoas admitirem seus erros é nos atentarmos para como nós mesmos reagimos a certas situações de conflito que contestam radicalmente nossas convicções pessoais. E é bem simples fazer essa introspecção: basta atentar para os casos em que você realmente fica PUTO com o que a pessoa está te dizendo. Obviamente a inclinação natural é pensar "isso que esse cara diz é absurdo", mas será que absurdo mesmo não é justo aquilo que não estamos dispostos a abandonar? Enfim, tô sempre alerta pra ver se não tô sofrendo com esse mal aí xP
Concordo plenamente, e por sistema eu costumo estar sempre a tentar perceber o ponto de vista "oposto".
O que queria dizer é que o conceito deveria de ser praticado na rotina... mas não... é raro encontrar tal postura.
É uma condição cultural, que traz a questão de porque sempre tem que tem um vencedor ? Muito bom o post. Não se perde ou ganha discussões, quem está aberto ao conhecimento, e as construções de cada um de acordo com sua teoria, só ganha em aprendizado. Todos temos a aprender, afinal é impossível saber tudo, quando sabemos tudo, já estamos diante do contentamento da ignorância do saber. Já que é fácil saber tudo sobre tudo.
Sobre a questão de sempre ter que haver um vencedor, gosto de pensar num raciocínio de um filósofo antigo do qual não lembro o nome que diz basicamente o seguinte:
Realmente não lembro qual filósofo falou isso, droga! haha mas é uma paráfrase de seu pensamento, que sempre levo comigo.
Sou ultra debatedora, só não gosto que fritem e me xinguem!!! Aí fico triste!
Acho que as única situações em que um xingamento passa amistosamente é dentre amigos e no meio do sexo. De resto, usemos dos xingamentos sabiamente (como quando denunciamos políticos xP).
Aly "O Pensador".
Sucesso cara, seus posts são ótimos! Qualquer hora que você escrever algo que eu discorde, será um prazer a gente debater, visto que entende a função e o valor disso :D
Ando vendo "debates" (como o dos políticos que citaram aqui), apenas como um método eficaz de provar aos espectadores que o outro está errado.
:P
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Pois deixe só eu descobrir nossos pontos de discordância e falar sobre eles em textos por aqui pra ver onde podemos ir com isso. Tenho preferido evitar ficar debatendo na internet, dado os vícios que comumente surgem — porém, quando as virtudes de um bom debate estão presentes, aí eu faço questão de fazer minha parte. :D Valeuzzz