Vou ser o "defensor dos direitos dos animais chato" da história, mas só porque o título fala sobre minha área de pesquisa, que é a ética (e desde já assumo que o gosto do camarão é bom sim, e não considero "pecado" comê-lo porque não sou religioso — entretanto perspectivas religiosas variadas podem mostrar que, sim, se não há pecado, existe uma leve inclinação a isso [como na Bíblia, Gênesis 1:29).
Meu ponto de discordância talvez você já saiba: nada, em termos de análise racional e ética, comprova que comer camarão seja "moralmente aceitável". Antes — assim como todo hábito que por algum motivo do acaso não costumamos associar a problemas de ordem moral —, comer camarões pode ser uma atitude reprovável, pesando os custos e benefícios em jogo. Afinal, uma pequena quantidade de selênio, ou um gosto agradável no paladar, está longe de justificar a exclusão de uma vida.
Sim, eu sei que camarões não são animais que costumam nos instigar empatia, como cães e gatos, ou mesmo cavalos e porcos. Entretanto, não deve ser difícil descobrir que camarões sejam eles mesmos agentes da própria vida, tenham alguma consciência da própria existência e, acima de tudo, queiram viver.
Dado que não há qualquer necessidade (nenhuma mesmo) em comer camarões, por que comê-los, então? Todas as vitaminas e minerais que encontramos em camarões podemos encontrar em plantas de diversos tipos. No fim das contas, para que o consumo de camarões deva ocorrer sem qualquer problema de ordem moral, é preciso que a gente simplesmente não pense sobre isso e não se importe com a possibilidade de que eles tenham direito a uma vida plena.
Claro, essa posição que mostro aqui tá sempre em constante reavaliação, e depende de diversos fatores, como necessidades específicas dos indivíduos (distúrbios alimentares que exigem certos elementos químicos encontrados nesses animais em grande quantidade, por ex.), pesquisas científicas sobre o status psicológico e nevrálgico desses seres e, caro, reavaliação lógica de nossas premissas e conclusões.
O importante é sempre ter em mente que nada está alheio à moralidade, e tudo é objeto de crítica. A questão é se vamos construir algo ou não a partir daí (e, às vezes, para construir melhores fundamentos é preciso destruir as bases em que nos assentamos). Valeu e perdão a chatice animalesca, @discernente! hehe
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Interessante seu ponto de vista, mas não se esqueça de que considerar as plantas como "seres inferiores" e que portanto poderiam ser moralmente comidos, enquanto os animais não é uma visão bastante frágil e especista. De fato, há estudos apontando que plantas possuem memória, reagem a agreções, criam mecanismos de autodefesa etc. Então diante disso tudo fica nítido que as plantas também lutam para viver e não desejam morrer nem serem comidas:
http://portugalmundial.com/plantas-tem-memoria-sentem-dor-e-sao-inteligentes/#
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Com essa resposta, por coincidência, garantiu alguns dos meus votos.
Eu concordo com vc amigo!