[Pensamentos] "Domingo feliz e cheio de sol?!" Nem por isso!

in #pt7 years ago

Como partilhei com o amigo @manandezo (na publicação de outro amigo que tomámos de assalto para conversar! :D), o dia de ontem foi tudo menos feliz e de sol!

Estava planeado para ser um agradável dia em Família, em que tentaríamos cuidar da saúde da nossa pequena de 17 meses.

Ou seja, iríamos ao Hospital Pediátrico antes do almoço para que lhe vissem os ouvidos. Estaria com uma otite pela terceira vez! Depois almoçaríamos num sítio qualquer, uma qualquer refeição rápida para que pudéssemos depois ir dar um passeio à beira-mar.

Vozes experientes já me tinham dito que a brisa do mar faz muito bem à erupção dos dentinhos e alivia constipações!

Depois ainda conseguiríamos regressar a casa pouco depois do anoitecer (lá pelas 18h, pensava eu) e ainda teria tempo para as tarefas de preparar mais uma semana...


foto do meu arquivo pessoal (an entry to the #goldenhourphotography, by @juliank and @photocontests!)

Infelizmente, não se deu nada disso! A seguir aos nossos atrasos de sempre para sair de casa, a seguir a uma descoberta interessante de que o carro do meu pai não arrancava... (outro assunto: o meu pai está imigrado, tem uma casa arrendada perto de nós e era suposto de vez em quando darmos umas voltas com o carro dele), chegámos ao Hospital pelas 12h30 com indicação de que estávamos com 1h30 de tempo de espera.

Eu lá continuava a planear: 1h30 dá para ir almoçar nas calmas, voltaremos novamente para a sala de espera da urgência, seremos atendidos e vamos dar um passeio.

Pois... Lá fomos almoçar no refeitório do Hospital - almoço em Família romântico, como lhe chamou o maridão! Voltámos à sala de espera com o espírito renovado pelas 14h e pouco... E ficámos até às 17h30 (sim, 17h30!!) à espera da consulta!!

A pequena passou por todas as fases: riu-se e brincou às escondidas com quem olhasse para ela, ficou rabugenta e já não sabia como queria estar, dormiu uma hora de sesta no carrinho, lanchou e lá fomos à consulta.

Consulta de 5 minutos, como sempre por cá! Portanto, 5 horas de espera para uma consulta de 5 minutos... Com quem reclamamos?! Quem tem culpa?! Os médicos que são poucos para tantos meninos? O tempo, propício a toda e qualquer doença? Acidentes, que tornam a urgência num caos? Ou o Estado, que tem um Sistema de Saúde que parece de terceiro mundo?!

Estou revoltada ainda! Mas não sei com quem reclamar! Houve um pai que escreveu no Livro de Reclamações. Tinha lá chegado meia hora antes de nós. Talvez num outro país europeu isso seria tido em conta. Mas em Portugal parece-me só "fazer número", como costumo dizer.

De qualquer forma, irei fazer também uma reclamação ao Sistema Nacional de Saúde. Pode ser que mais um número faça alguma diferença. Pode ser que quando for com os meus netos já possam usufruir de um Hospital Público sem tantas demoras.

Custa porque Portugal parece ser um país desenvolvido, mas no que toca aos Serviços Básicos é uma desgraça. Muitos dizem que a Saúde aqui devia ser como nos Estados Unidos, tem seguro, tem direito. Não tem seguro, temos pena!

Não tarda nada estaremos a chegar a esse ponto: vou acabar por fazer um seguro para que a minha filha seja atendida mais rapidamente e sem o risco de apanhar outras doenças por estar numa sala de espera a abarrotar!

É triste mas parece que a saúde só é acessível a quem possa pagar! O pior é que eu não posso pagar, mas vou apertar ainda mais as contas para que isto não volte a acontecer!

Não sei mesmo com quem reclamar, nem sei se devo desistir assim do Serviço Público... Mas ainda estou revoltada: perdemos um "Domingo Feliz" em Família (porque o sol tem desistido de nós nestes dias...), perdemos a oportunidade de sentir a força do mar que nos iria renovar a todos, perdemos os nossos momentos individuais que costumamos ter aos domingos e espero que não tenhamos ganho novas doenças!

A pequena? Veio de lá com receita de antibiótico (sou tão contra medicação deste tipo, mas temos que confiar nos médicos que nos atendem... Temos?!). Não acredito muito que passe... Estamos no "vamos fazer o melhor que conseguimos e logo se vê."

Durante o dia e durante toda aquela espera, tentámos ir vendo as coisas pelos pontos positivos:

  • estivemos todos juntos numa nova experiência, num sítio diferente;
  • a mãe - eu! - pagou um almoço à família, coisa que não me lembro da última vez que aconteceu;
  • a pequena fartou-se de rir e de conhecer novas pessoas, provou toda a comida e almoçou com muita satisfação;
  • tirando a médica que finalmente nos atendeu, todo o pessoal por quem passámos foi 5 estrelas;
  • e no final do dia resolvemos ir comer ao McDonald's! Nunca tínhamos ido com a Margarida e estávamos receosos dos olhares de desaprovação dos outros! É claro que pedi um Happy Meal saudável para ela, mas no final das contas, ela esteve tão entretida com o bonequinho que oferecem que nem nos deu importância! (também lembremos que já tinha lanchado no Hospital...)

Continuo ansiosa por uma tarde à beira-mar, mas por agora vou só guardar estes pontos positivos e as gargalhadas da minha linda flor! :) Dias melhores virão de certeza! :)


[Esse lindo pôr-do-sol foi tirado na incrível viagem que pude fazer ao Lindo Brasil! Essa era a vista que tínhamos do hotel onde estávamos em... Salvador da Bahia! :) Caros amigos brasileiros "me aguardem!" :D Tenho muitas partilhas para fazer convosco!]

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Linda foto lindo sol.

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Fantástico relato @helgapn. Depois de nada se ter concretizado, como tinha planeado, venceu o seu lado positivo e ainda conseguir identificar 5 pontos que fizeram com que tudo não parecesse tão mau. Parabéns Helga pois sermos positivos é meio caminho para atingirmos a felicidade!!! Bjs

É muito complicado tentar ser positivo depois de se acabar a paciência. Cada vez que me sentia vencida pelo cansaço e quase a chorar, pensava que quem sofreria seria a minha filha porque da forma como eu estava iria abaixo com toda a certeza e de forma desagradável! Engraçado como estes pequenos seres de luz nos trazem forças que não conhecíamos :) Acho que a positividade era por ela porque eu estava de todas as cores escuras por dentro!

É um problema recorrente no Brasil também! E digo por experiência própria que é um problema em escala, onde o grandes culpados são os gestores públicos, sejam na política ou seja na instituição local. E gera esse efeito cascata, que chega ao profissional e os usuários dos serviços. Que bom que conseguiu tirar proveito positivo dessa tempo de espera, e acho muito importante fazer essa reclamação, uma tendência comum aqui é reclamar verbalmente, fazer alvoroço, e não recorrer aos mecanismos institucionais como ouvidoria, onde muitas vezes em locais que trabalhei funcionam, e não eram utilizados por esse estigma de que nada funciona. Boa semana!

Em Portugal também costuma ser assim, as pessoas começam a reclamar mais alto (sem alvoroço sequer! :D) e quando se pergunta porque não escreve no livro de reclamações: "Para quê? Ninguém lê aquilo!" Mas eu hei-de fazer sim, tem que ser, não me sinto descansada enquanto não deixar o meu desagrado com quem de direito. Obrigada por ter passado por cá @matheusggr! :)

Olá, seu texto foi sugerido por um usuário e consta na Galeria de Leitura do Projeto Lusofonia. Visite a publicação aqui para a lista completa de textos indicados: [Galeria de Leitura 2ª Edição]: Publicações Sugeridas pelos Usuários e pelo Projeto Lusofonia.

Abraços, luz e sucesso!

Obrigada! :)

Querida @helgapn, que relato!

Infelizmente, a saúde pública também é assim aqui no Brasil, para não dizer pior, principalmente, aqui no meu Estado, Rio de Janeiro. Petrópolis ainda tem um certo prestígio e não há muita demora por aqui, mas, para não ter surpresas, eu pago um plano de saúde privado e tudo corre às mil maravilhas. É caro? Ah, sim, bastante, ainda mais que adentrei a faixa dos 46-50 anos, então é uma dinheirama!

Uma coisa digo-te: aperta-te um pouco com um plano para a pequena, porque ela está em crescimento e será muito necessário. Sei que é complicado, minha amiga, mas tenta o melhor, mesmo que o cinto das calças corram mais alguns furos acirrando a cintura. Será bom e os perrengues terminarão por algum tempo.

Linda sua partilha conosco, e a foto é belíssima. Não sabia que era da Bahia. Meu pai nasceu lá, em um local chamado "Rio Vermelho". Infelizmente, não conheço tal região, e não tenho muitas referências, mesmo quando morei por lá. Foram somente seis meses e tinha uns 9 anos. Foi uma uma época difícil da vida, enfim, nada que se guarde mais com lágrimas, mas com vontades adultas de seguir até o fim com meus tamancos como matracas ao chão!

Beijos e abraços para você e família! =)

Paz e bem!

Sim, lá terá que ser, apertar (mais ainda!) o cinto para que ela possa ter cuidados mais rápidos e sem riscos de apanhar outras doenças...

Eu adorei o pouco tempo que estive em Salvador! :) Estive em São Paulo também, mesmo numa das ruas perpendiculares à Avenida Paulista, e prefiro de longe Salvador! Muito mais calmo, mais verde e com direito a praia e tudo :) Se um dia tivesse que ir viver/trabalhar para o Brasil, escolheria Salvador da Bahia sem dúvidas!