Excelente artigo, mas gostaria de saber a sua opnião sobre os seguintes pontos:
- A questão da não continuidade das pesquisas: muitos mestrandos e doutorandos entregam os seus trabalhos de conclusão, mas a pesquisa não tem continuidade causando um grande desperdício financeiro, material e humano.
- A não integração entre pesquisas semelhantes: existem diversas pesquisas sendo feitas no país e no exterior que são muito parecidas ou até mesmo que já foram realizadas, posto isso acredito que exista muito espaço para otimização de recursos.
- A pesquisa no Brasil é muito voltada para a academia e muitas vezes não olha para o mundo real, para gerar produtos ou inovações que possam ser utilzadas pelo governo ou pelas empresas. Depender unicamente de verba pública para pesquisa no Brasil me pareceu sempre um tanto complicado visto que cada governo atua de forma específica e de acordo com as condições macroeconômicas do mandato.
Obrigado @renanmg!
Sobre 1 e 2:
Todo sistema tem seus vícios. No Brasil, o país do "jeitinho", nem se fale. Deveria haver mais inteligência fiscalizando os bolsistas e suas pesquisas e criando mecanismos para minimizar tais distorções. Mesmo assim, as bolsas mantém uma massa crítica de pesquisadores ativos importante para o país e, portanto, precisam existir pelo bem da nossa Ciência.
Sobre 3:
A pesquisa de base, penso eu, não tem que estar preocupada com aplicações diretas. Empresas de tecnologia é que devem ter um olhar atento às pesquisas de base para aproveitar o conhecimento puro e transformá-lo em tecnologia. Quer um exemplo? O fenômeno da Magnetoresistência Gigante, Nobel de Física 2007, chamou a atenção da Apple para a possibilidade de construir um HD de alta capacidade mas de tamanho reduzido. Nasceu assim o icônico iPod Classic com armazenamento de 160 Gb. O fenômeno foi descoberto em 1988, época em que nem sonhávamos com iPod. Coube à Apple entender que havia ali uma oportunidade ímpar de fazer um equipamento revolucionário e gerar/ganhar dinheiro.
Mas esse tipo de ação só acontece se existir um "ecossistema" completo de pesquisadores financiados por dinheiro público ou pela iniciativa privada e empresas conectadas a eles. Cabe ao Governo, com inteligência, criar e manter tal ecossistema, incentivando as pesquisas e incentivando as empresas de tecnologia e inovação para que se instalem no país e utilizem o conhecimento aqui gerado. É um projeto para anos, com visão de futuro, algo com o que sonho mas nunca vi acontecer por estas terras.
Abraço. E Física na veia!
Obrigado pela resposta amigo, concordo com você que manter o investimento em ciência é extremamente importante para o país.
Seu ponto é interessante, mas me referi pensando no mercado e nas empresas como uma fonte alternativa de investimento em pesquisa que hoje praticamente inexiste no Brasil. Agora, cabe a nós aproveitarmos as eleições para pressionar os políticos acerca dos recursos para este fim tão nobre.
Grande abraço!
Você escreveu "... no mercado e nas empresas como uma fonte alternativa de investimento em pesquisa...". Foi o que chamei de "ecossistema". Se houver incentivo do Governo, as empresas aparecem. E estando por aqui podem começar a investir em pesquisa. Seria fantástico! Hoje dependemos diretamente do Governo que, infelizmente, não valoriza a Ciência e a consequente Tecnologia no nível necessário para fazer o "ecossistema" funcionar. As engrenagem giram muito devagar e falta lubrificação. Temos um potencial gigante de inteligência científica mas a máquina é "travada". Caminhamos muito devagar num mundo veloz. E sempre vamos ficando pra trás, não por falta de competência científica, mas por incompetência do esquema mal montado.
Abraço. E Física na veia!