Ele está de volta... Vê e ouve coisas que lhe ridicularizam

in #pt6 years ago (edited)

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A Netflix está com um filme em sua lista que tem chamado a atenção de alguns grupos específicos, o nome do filme é Ele está de volta. O personagem central e que explica muito do sucesso é Adolf Hitler.

Basicamente o filme se trata de uma comédia/documentário em que o ditador e déspota ressurge em 2014, décadas após o fim da segunda guerra mundial. Após um período de ridicularização, ele acaba ganhando notoriedade por conseguir grupos que lhe dão crédito e que passam a ser "liderados" por ele. Em outros momentos é possível perceber que algumas pessoas que supostamente não acreditam ser de fato o próprio, reclamam de imigrantes adentrando a Alemanha e dão a entender que clamam novamente por alguém como... Hitler.

Para saber o desfecho, sugiro assistir o filme no serviço de streaming Netflix, minha análise aqui não será do filme em si que na Alemanha fez grande sucesso, mas sim do uso que grupos específicos estão fazendo da película. Penso que o uso político do filme poderia (ou ainda pode) ser mais explorado negativamente caso venha a fazer sucesso no mundo todo.

Não sei exatamente se a ideia do filme, dos produtores, foi de fazer uma produção "política". De uma forma ou de outra é inevitável refletir nisso quando se trata deste personagem, ainda mais nos dias atuais.

Uma coisa é evidente, alguns grupos estão usando o filme com uma visão política.

Revista Fórum

A análise da revista Fórum sobre o filme você pode ler aqui.
O que saliento é que a referida revista é um veículo de comunicação de cunho declaradamente esquerdista inspirada no evento Fórum Social Mundial (uma das maiores concentrações de comunistas por metro quadrado) que inclusive já teve mais de uma vez Porto Alegre como cidade sede... e da qual eu já participei... mas isso fica (talvez) para outro post.

DCM

O site/blog DCM (Diário do Centro do Mundo), também declaradamente de esquerda, deu seu palpite sobre o longa e se quiser você pode ler aqui.

A análise desses sites e de outros sobre o filme não é nova, mas como vi em redes sociais distintas uma abordagem recente sobre o mesmo, decidi pontuar algumas coisas relacionadas nesse post trazendo o momento político atual que presenciamos a tona. É evidente que estes sites usam o filme para comparar Hitler com Donald Trump nos EUA ou mesmo Bolsonaro no Brasil. Pode ser fato que assim como Hitler, Donald Trump e Bolsonaro tenham lá seu lado populista. Assim como o ex-presidente a atual presidiário Lula também.

Na verdade, em democracias de países com enorme número de eleitores de classes sociais distintas e cultura diversificada, não há praticamente chances de se eleger sem um mínimo grau de populismo.

Nas atuais eleições do Brasil, por exemplo, na minha opinião, o menos populista seria João Amoêdo do Partido Novo.
Mas ao julgar (corretamente) a antiga classe política e se colocar como o não-político que quer mudar o país, ele sabe que toca a indignação popular contra a classe política. É um grau de populismo e atrai votos!

No fim, o que conta é mesmo um programa de governo viável, dentro da realidade e que tente mostrar como o Estado vai diminuir, como o governo vai perder poderes e a liberdade vai aumentar.

Se Hitler, como o roteiro do filme exemplifica, por algum motivo voltasse hoje surgiriam alguns questionamentos da parte dele, e possivelmente algumas respostas em potencial poderiam surgir.

Hitler hoje, poderia pensar:

Eu fiz de tudo junto com meu fiel escudeiro e marqueteiro Joseph Goebbels para ludibriar o povo alemão de que minhas ideias eram as melhores, que a Alemanha seria próspera e feliz sob o domínio da ideologia nazista e do Partido Alemão Nacional Socialista. Eu e Goebbels censuramos toda a imprensa alemã para que apenas nossa visão fosse disseminada em notícias, artes, cinema e cultura em geral. Eu julgo que éramos inclusive melhores, talvez, que o projeto semelhante do comunista Stalin... O Glavlit.
Agora, eu Hilter me questiono, como, de que forma, qual estratégia esse novo pessoal tem usado para embutir em uma massa global as ideias que desejam ???

Uma possível resposta de alguém no alto escalão da ONU poderia ser:

Sr. Adolf, tanto você como Stalin foram ditadores totalitários estúpidos, pois pensavam que a propaganda interna bastava. Sim, sei que ambos queriam dominar outras nações também, mas no caso, vocês o fizeram na base da força, usando armas e derrubando exércitos inimigos também minimamente armados. Obviamente vocês erraram ao mostrar sua face verdadeira ao mundo e ao não mascarar suas ideias. Com todo respeito que não devo a vocês, vocês eram quase amadores. Bárbaros que pensavam que as coisas seriam facilmente impostas a força.

Sem entrar nas pequenas diferenças e detalhes daquilo que vocês queriam e daquilo que nós queremos hoje, primeiramente, não é possível que todos os grandes meios de comunicação do mundo cheguem a um consenso quase igual ou pelo menos muito parecido, sem que a grande maioria dos jornalistas e influenciadores que lá estiverem tenham mais ou menos a mesma linha de raciocínio. Os donos de emissoras, jornais, revistas e grandes sites não podem nada sozinhos, eles devem dar os limites, devem propor a opinião geral, mas sem que existam subordinados alinhados nada ocorre.

Para que existam esses subordinados alinhados, eles devem ser educados desde cedo para pensar de uma única forma.
A sua acepção de pessoas por raça ou nacionalidade, declarada e abertamente, seus genocídios, ajudaram a formar uma Organização de Nações que se Uniram após suas ações trágicas e burras.
Seu mau exemplo explícito e nossa suposta luta contra tudo que você fez, nos passa uma credibilidade de nível internacional.
A partir disso nós podemos hoje, através de entidades ligadas a nós como a Unesco e os países membros submissos, passar ao mundo a nossa noção de moralidade e de sociedade correta.
Nós somos o bastião universal da verdade e as nações seguem as diretrizes dos nossos especialistas como se fossem lei.

As diretrizes educacionais, tem sido por nós alteradas desde o fim da II guerra. Penso que seus primos comunistas que restaram após o colapso da URSS foram mais espertos, inteligentes e estrategistas. Eles abandonaram a noção leninista e stalinista de revolução armada e forçada. Viram na estratégia de intelectuais como Antonio Gramsci uma forma muito mais abrangente e eficiente de fazer a revolução. Mais demorada e trabalhosa é verdade, mas inegavelmente mais eficiente. Alteraram a ordem do mestre supremo Karl Marx, que afirmava ser o modo de produção da vida material o que condicionava o processo da vida social, política e intelectual em geral. Para Gramsci era o contrário, a vida social, política e intelectual em geral precisavam primeiro ser impostas conforme os moldes revolucionários e só após essa etapa as áreas econômicas e materiais poderiam ser verdadeiramente dominadas.

É basicamente o que nós, a ONU, fazemos. O comunista Gramsci teve planos mais eficientes que Lênin.
O comunista Paulo Freire (sendo o patrono da educação brasileira com sua pedagogia do oprimido) teve influência mais eficiente que Che Guevara e foi mais bem sucedido que a comunista revolucionária Olga e seu par Luís Carlos Prestes. Os eficientes são aqueles que pela frente dizem que querem uma melhor educação, o fim dos preconceitos, o fim da xenofobia e a igualdade universal entre os homens e mulheres, por trás, sabem que grupos LGBT, movimentos feministas e outros grupos específicos são só ferramentas para destruição da sociedade burguesa que é mantida e estruturada pelos valores morais tradicionais e conservadores.

Eles entenderam, talvez, o intento de Max Weber ao escrever a valiosa obra de ciência política, "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo".
Nós, a ONU, através de nossos intelectuais entendemos que há sim uma necessidade de desfazer o conceito ocidental de sociedade e criar um novo mundo, isso só é possível com a destruição total de instituições milenares, tal como a família.

Que melhor forma de fazer isso do que trabalhar a educação e cultura das nações através de uma entidade creditada e com voz para isso ?

Que melhor forma de fazer isso do que contar com o auxílio de bilionários como George Soros e suas ONG's "sem fins lucrativos" ao redor do mundo, principalmente em países sub-desenvolvidos ?

Os aliados contra quem nós lutamos hoje, precisam ser vistos como retrógrados, fascistas, nazistas (é sempre bom ligar um inimigo, ainda que sem sentido ou lógica, a déspotas do passado), ditadores, perigosos, populistas totalitários e monstros enquanto nós somos o discurso light, verdadeiro, ponderado e POLITICAMENTE CORRETO.
Aliás sr. Adolf, essas duas palavras, POLITICAMENTE CORRETO, são a nossa bomba nuclear de hoje em dia.

A mínima ousadia em defender um ponto de vista que possa de alguma forma ir contra consenso de uma minoria histérica e irracional, deve ser atacada como ato de nazismo, fascismo ou qualquer outro tipo de rotulação que coloque medo nos demais desinformados.

Como em toda guerra, existem batalhas que ganhamos e outras que perdemos, desde o fim da II guerra temos tido vitórias importantes, a existência em si da ONU na forma como está hoje é uma vitória e tanto.

  • Hoje nós podemos fechar os olhos para o caos humanitário da Venezuela, divulgando apenas pequenas notas de advertência ao ditador de lá ao mesmo tempo que incentivamos um preso condenado e corrupto a ser candidato a presidência no Brasil;

  • Hoje nós podemos destroçar continuamente a imagem de Israel que vive cercado de nações que são controladas por grupos terroristas (Hezbollah, Estado Islâmico, Al-Qaeda e outros) que lhes odeiam e se possível fosse, entrariam a força no pequeno território e causariam um novo holocausto, nos fazemos o possível para tirar o foco dessa realidade e colocar nas vítimas de Israel na Palestina, mostrando o quanto Israel é perigoso. E claro, o mundo nos apoia pois criamos até termos que se disseminam como por exemplo, Islamofobia, ainda que o grupo religioso mais perseguido do planeta Terra sejam os cristãos em países extremamente muçulmanos ou comunistas como a Coréia do Norte. As "fobias" aliás são nossos tanques de guerra;

  • No campo econômico, somos grandes parceiros de entidades como a Oxfam que nos ajudam todo ano a denunciar a desigualdade social no mundo que tentamos colocar na conta do capitalismo opressor e selvagem, ainda que na verdade mesmo, tenha sido uma maior abertura de mercado e mais capitalismo o maior responsável pela absurda diminuição da pobreza no mundo durante as últimas décadas;

As vezes surgem alguns corajosos, como por exemplo Pascal Benardim e livros como "Maquiavel Pedagogo: Ou, o ministério da reforma psicológica" que são recheados de textos oficiais nossos (ONU e Unesco) e denunciam aquilo que defendemos no campo da educação e cultura. Institutos como o Instituto Mises que em alguns países, através da internet (internet que aliás nos trouxe dificuldades) divulgam os malditos livros sobre economia que destroçam as políticas socialistas que tentamos defender, entre outros intelectuais de cunho Liberal e Conservador que tem nos desafiado. Por isso, algumas batalhas tem sido perdidas ultimamente, inclusive em países que eram nosso laboratório de experimentos como o Brasil.

Infelizmente um contingente preocupante de pessoas está começando a questionar nossas verdades absolutas.

Precisamos com urgência colocar todas como um perigo para humanidade (ainda que a esmagadora maioria não seja e não passe de um pai, uma mãe e seus filhos querendo viver suas vidas) enquanto nós passamos por bons moços.
Precisamos com urgência tirar dos cidadãos sua dignidade, suas oportunidades de crescimento financeiro, precisamos massacrar indivíduos com impostos e doutrinar mais e mais as crianças dentro de nosso modelo social (que inclusive já matou muito mais do que você ) e tirar sua chance de legítima defesa, seja defesa ética ou física... Não se pode permitir mais países com civis armados!

Sr. Adolf, como pode perceber, você foi derrotado pela sua estupidez e pressa e nós temos alcançado o mundo através da nossa paciência e estratégia.

Atenciosamente,

Algum secretário geral convicto da ONU.

OBS: Nunca é demais reforçar, ao escrever algo sobre o assunto, que todo tipo de intolerância e extremismo devem ser duramente repudiados. Infelizmente a distorção de palavras hoje é uma doença mundial, a livre opinião, mesmo sobre fatos sólidos muitas vezes é censurada e o indivíduo que emite tal opinião taxado com os piores rótulos possíveis.

OBS 2: Sugiro fortemente que caso exista um interesse, adquira o livro abaixo descrito e após examinar o farto acervo de documentos citados no livro, tire suas próprias conclusões.


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Jamais existirá liberdade humana enquanto o imposto não for uma faculdade, em vez de uma imposição violenta.

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