É inegável. Não se pode ignorar que o deputado, que até 2 ou 3 anos atrás não
passava de uma piada por causa das suas polêmicas declarações, que aparecia como
um daqueles estranhos possíveis candidatos a presidência, que tinha uma pequena
parcela de intenções de voto dentre os nostálgicos simpatizantes da ditadura militar,
agora está de fato no páreo. Realmente conquistou a confiança de uma parcela bem
considerável da população.
O que aconteceu ?
O emaranhado de informações a serem analisadas é grande para tentar responder
a esta pergunta, mas alguns eventos e fatos são mais claros e é sobre estes que podemos
começar a analisar o fenômeno Jair Bolsonaro.
1 - Lula e Bolsonaro, mais próximos do que pensamos
Existe uma boa parcela de pessoas que votariam no ex-presidente Lula caso este
estivesse disponível no pleito de 2018. Uma parte desse grupo que não é pequeno, na ausência de
Lula votaria em Jair Bolsonaro.
Já ouvi pessoalmente essa afirmação de algumas pessoas (2 pra ser mais exato), mas
isso parece ser mais corroborado em algumas pesquisas eleitorais realizadas.
A massa de pessoas que tanto votaria em Lula quanto em Bolsonaro, não debate ideologia política,
não está muito preocupada com as supostas falas de polêmicas de Bolsonaro e nem com a condenação
de Lula. Para essas pessoas, ambos representam a mesma coisa, um salvador da pátria, um discurso
firme pautado na crítica ao caos atual. Esqueça planos econômicos concretos ou não, a figura
do candidato é o que importa aqui, Lula parece ter a vantagem por já ter sido presidente e diante
da percepção desses eleitores "mostrou resultado". Lembre-se, falamos aqui de pessoas que olham
para os efeitos imediatos de ações governistas, não para as consequências.
- Voto Bolsolula
- Voto 'afetivo' em Lula pode migrar para Bolsonaro, diz cientista político
- Datafolha mostra Bolsonaro à frente de Lula na espontânea. Mas 46% ainda não se definiu
2 - A falta de credibilidade da mídia "tradicional"
O efeito que parece ter ocorrido nas eleições dos EUA, pode estar ocorrendo em 2018 no Brasil.
Tanto a esquerda quanto a direita no Brasil reclamam da influência de veículos como a Rede Globo e outros
grandes veículos de mídia. É uma discussão e uma reflexão interessante nos dias atuais, até que ponto
os grandes veículos de comunicação ainda influenciam de fato a opinião pública ???
É inegável que algum grau de influência existe, mas parece óbvio que este poder já foi muito maior no passado
antes das mídias sociais on-line. Sites, blogs, redes sociais e outros meios digitais tem dado muita voz a correntes ideológicas
que não se ouvia falar. O Brasil sempre se dividiu entre PSDB, PT e os caroneiros do MDB nos governos pós-ditadura.
Agora, outras linhas de pensamento, contrárias ao socialismo e a social democracia tem surgido.
Na prática, o que ocorre é que quanto mais a mídia mainstream ataca ferozmente um candidato, mais as pessoas prestam
atenção no discurso do mesmo. Por consequência, podem tanto aceitar a retórica dos "jornalistas" como podem vir a repudiar
o discurso da mídia "oficial" num artigo em um blog de um escritor ou num canal do Youtube que parece
ter uma abordagem mais próxima da população. A CNN garantia a derrota de Donald Trump e a Rede Globo fazia
a repetição da derrota esmagadora do candidato para os brasileiros. Trump ainda conta com muitos desafetos
na mídia tradicional norte-americana, ainda conta com parte da população contrária ao seu governo, mas
a maior parte dos americanos reais, aqueles da vida real não forjados pela CNN ainda demonstra o mesmo apoio
de antes das eleições. A questão é que atualmente o debate de ideias, embora ainda sofra novas formas de censura, está mais franco
do que nunca.
3 - A Segurança Pública e a Realidade dos Brasileiros
A violência é um tema pertinente em praticamente todo o território nacional brasileiro.
Furtos, assaltos, homicídios, crime organizado, tráfico de drogas e por aí vai...
Nos grandes centros urbanos, a imensa maioria das pessoas já sofreu um assalto ou conhece alguém que já sofreu
um assalto. O número de mortes é absurdo e a dor da perda de pessoas queridas para o tráfico de drogas e para
a violência urbana é algo irreparável.
As pessoas ouviram sobre a ditadura militar nas escolas. Ouviram que era um país censurado, que os militares
torturavam pessoas, que era tudo muito ruim. Agora surgem algumas pessoas que viveram naquela época
que questionam a totalidade das afirmações que aprendemos na escola e outros que mantem as afirmações.
Nunca ouvi e nem li na escola o real motivo pela qual os militares decidiram tomar o poder após o congresso aprovar, apenas
recebemos a informação nas aulas de história de que os EUA estavam por trás de tudo. Pouco ou nada se fala sobre
a influência da Guerra Fria, da URSS e dos grupos comunistas alinhados a URSS e ligados
ao presidente deposto Jânio Quadros. Toda história tem dois lados, não parece que ambos nos foram ensinados de
forma satisfatória.
De uma ou de outra forma, o fato é que realmente houve uma ditadura militar no Brasil. Ditadura é ditadura, é péssimo
sob qualquer bandeira que defenda. Autoritarismo retira liberdade e isso é um direito que deveria ser inviolável.
Mas... Muitos jovens hoje, se informam em fontes distintas sobre a ditadura, questionam se tudo foi exatamente como foi ensinado,
mas acima disso eles sofrem a ameaça da violência urbana atual diariamente. Pessoas que não viveram a ditadura, já perderam pais, irmãos, amigos nas ruas, seja por violência
ou seja pela epidemia de pessoas perdidas nos vícios das drogas.
A percepção é a de que nada pode ser tão ruim quanto você sair de casa e não saber se voltará para sua família.
Aí aparece um candidato que dentre todos os seus discursos, aponta o caos da segurança, defende que o cidadão possa se
defender com porte de armas, defende que bandido é bandido, jamais mocinho.
Se você fizer um esforço para entender a grande quantidade de pessoas que tem sua vida real afetada pela violência
todos os dias, vai conseguir entender porque Bolsonaro tem grande contigente de votos quando o assunto é segurança.
As pessoas ignoram o discurso em defesa dos militares, pouco se importam se a Globo detona Bolsonaro por ele
defender os militares, as pessoas focam na solução para o caos atual.
4 - A oposição está ajudando demais o candidato Jair Bolsonaro
Os 3 pontos acima citados, de fato podem corresponder por boa parte dos votos que o candidato venha a receber,
mas aqueles que dizem ser radicalmente contra sua candidatura e tentam lhe impor a imagem de "demônio na terra", estão
na verdade dando um tiro no pé e trazendo ainda mais votos para ele.
Enquanto Bolsonaro conversa com a população e diz que bandido é bandido, a esquerda, na pessoa da Sra. Maria do Rosário
e seus pares de outros partidos com a mesma ideologia, dizem que bandido é vítima.
Supostas filósofas, 100% alinhadas a políticas e ideologias socialistas, fazem discursos como o do vídeo abaixo:
Comece você a pensar na mãe ou no pai que perdeu um filho num assalto a mão armada ???
Esses e outros discursos "culturais" que vão na contramão do que pensam e buscam a maioria dos brasileiros
e que estão sendo defendidos pela esquerda, estão deixando a população digamos assim, "sem escolhas" a não ser votar em
alguém que se apresente radicalmente contra essas ideias supostamente progressistas.
O perfil do brasileiro é em sua maioria conservador, Lula só se elegeu porque nunca quis tocar em assuntos
detalhadamente culturais, Lula nunca defendeu abertamente ideologia de gênero imposta no currículo escolar, isso
lhe garantiu o apoio da população. É só lógica e matemática. Se uma eleição é definida pelo voto da maioria como
no Brasil, que vantagem existe em defender pautas culturais que vão contra a maioria ? O próprio PT entrou
em pautas culturais e agora está pagando o preço.
5 - As ideias de Liberalismo Econômico
Não deve ser segredo que o liberalismo, por causa da internet, tem ganhado muita força no Brasil.
Se dependesse apenas dos meios acadêmicos, as únicas escolas de economia ainda conhecidas seriam a
marxista e keynesiana.
Mas não. Bolsonaro não é um Liberal, nunca foi. Ao contrário, sempre teve uma mentalidade muito mais estatizante
e intervencionista, sempre apoiou a manutenção estatal de empresas tais como a Petrobrás.
O único candidato realmente Liberal na eleição de 2018 é João Amoêdo do Partido Novo.
Boa parte dos eleitores que pensam unicamente nas vantagens econômicas de um governo liberal (que são muitas vantagens realmente)
votarão em João Amoêdo, outra boa parcela votará em Bolsonaro. Mas por que, se ele não é Liberal ???
A questão é que Bolsonaro primeiro se mostrou terminantemente contra políticas socialistas, depois voltou atrás
na defesa incondicional da ditadura demonstrando que houve períodos realmente "desnecessários" nesse regime, mais um tempo
se passou e Bolsonaro, também por influência de seu filho Eduardo Bolsonaro, assimilou ideias liberais até o ponto
em que convidou um renomado economista de pensamento Liberal, Paulo Guedes, para compor seu eventual ministério da fazenda.
É verdade que não foram todos, mas muitos Liberais passaram a dar créditos a candidatura de Bolsonaro quando
Paulo Guedes confirmou que aceitou o convite. Considerando que o movimento de ideias Liberais tem crescido muito, é mais
uma gama de votos que possivelmente estará com Bolsonaro. Muitos decidirão pelo "voto útil", se João Amoêdo não mostrar
reais chances de vitória, num eventual segundo turno muitos tendem a votar em Bolsonaro.
É realmente uma boa indagação, uma boa pergunta, se Bolsonaro caso eleito realmente vai ter coragem de levar a frente um
governo economicamente liberal conduzido por Paulo Guedes! Não tem como saber, mas o discurso de Paulo Guedes pelo menos, mostra que ele conhece os problemas
estruturais mais críticos do Brasil, bem como o histórico dos motivos que trouxeram o Brasil até o caos atual.
Vide vídeo abaixo:
Em resumo, uma análise da realidade, do discurso de rua, de pessoas não alinhadas ideologicamente a um ou outro partido político ou filosofia política e que possivelmente são a maioria dos eleitores, mostra que existem necessidades primordiais sendo suplicadas por uma nação cheia de problemas. O candidato ou os candidatos que souberem transmitir a ideia de que entenderam o recado, terão mais chances de ocupar o cargo da presidência da república, cargo que por si só, não tem a mínima capacidade de fazer as mudanças estruturais mais necessárias do país, talvez não tenha a "faca e o queijo na mão", mas certamente terá um dos dois.
Gostei da análise.
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Texto excelente @viniciusoliveira, os seus apontamentos demonstram coerência com o cenário atual, que de certa forma encontra-se tão obscura.
Ando achando estes candidatos tímidos / calados / calmos, e com poucas demonstrações, o Bolsonaro aos poucos veem ganhando um leque diferenciados de eleitores, já Amoêdo ainda é um pouco desconhecido...E Lula? Bem, sinceramente,, ele sendo solto, será um banho de vergonha a sociedade... Política é um campo tão vasto, e complicado, principalmente, depois de tantos escândalos que obtivemos, deixará a população bem atônita em suas escolhas...
Eu ainda não sei em quem votar, contudo, venho fazendo análises, assistindo debates, estudando cada um deles e seu histórico. Bem, daqui até Outubro, uma resposta terei...kkkk
Abraços cordiais e Sucesso!
Uma boa análise, sem partidarismos. Bolsonaro não é nenhuma Brastemp, mas o resto é de chorar...
ptgram power
Boa analise, em outubro veremos o que vai dar.
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