Hipertensão Arterial Sistêmica. O paradoxo da doença assintomática e sua manifestação como Urgência e Emergência.

in #pt7 years ago (edited)

Boa noite pessoal!

Hoje retorno aos posts mais da medicina interna, com o tema que vinha desenvolvendo de Hipertensão Arterial Sistêmica(HAS).

Como vimos a HAS é uma doença crônica, que aumenta sua prevalência com a idade, e muito comum no nosso meio.

Confunde-se muito os sintomas da HAS, com outros sintomas, principalmente ansiosos, a HAS é uma doença silenciosa, que de modo geral não causa sintomas, e esse é o grande perigo.

Pois vai sobrecarregando o sistema vascular, lesionando os órgãos aos poucos ao decorrer da idade adulta, e com envelhecimento aumenta risco de outras doenças comórbidas como por exemplo Infarto Agudo do Miocárdio, Acidente Vascular Encefálico, Doença Renal Crônica, e outras.

Só que como diz o ditado da medicina, “a medicina é como no amor, nem nunca, nem sempre”, a HAS pode causar sintomas em situações específicas.


Fonte

São os casos de emergência e urgências hipertensivas.

Primeiro retorno a lembrar que a doença é crônica, e para acontecer um evento de urgência ou emergência, em pacientes que previamente não item HAS, é porque o indivíduo não sabia, mas certamente era portador de HAS.

Isso acontece porque para ter sintomas em doença hipertensiva, a pressão tem que estar muito alta, não acontece em pessoas com hipertensão leve a moderada, salvo casos de doenças comórbidas com controle rigoroso de pressão arterial.

Para ficar mais claro, vamos aos conceitos.

Emergência médica é quanto temos um quadro que tem um risco iminente de vida, ou sofrimento intenso, ou seja, é um caso que necessita de tratamento imediato, pelo risco de mortalidade.

Urgência e um quadro caracterizado por sofrimento intenso, que demanda um tratamento intensivo, porém com menor risco de mortalidade do que a emergência, e pode evoluir dependendo do quadro para uma emergência.

Devido a variedade de patologias e suas apresentações, por mais que os dois conceitos sejam muito próximos, suas apresentações clinicas são diferentes.

Então em termos de prioridade de atendimento, os casos de emergência devem ser prontamente atendidos, e os de urgência logo em seguida, e os casos que não abrangem os dois conceitos devem aguardar os prioritários, geralmente são quadros que não oferecem risco de vida.

Essa diferenciação demanda de um atendimento, seja por médico ou enfermeiro, e para amenizar essa demanda, numa tentativa de ser mais efetivo nessa diferenciação, foram criados protocolos de triagem, como por exemplo o protocolo de Manchester, como na figura abaixo:

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Fonte

No caso da HAS os casos de emergência, são casos graves, que tem como definição aumento acentuado da pressão arterial, com lesão de órgão-alvo, e risco iminente de morte.

Orgão-alvo significa órgãos prioritários para o funcionamento biológico, como coração, rim, cérebro, que devido ao quadro hipertensivo, tem uma disfunção vascular, com sobrecarga do órgão em questão e lesão vascular.

São quadros agudos, e progressivos, geralmente precisando de um leito de UTI.

A clínica da emergência hipertensiva vai depender do órgão acometido.

Como exemplo um quadro de emergência hipertensiva com acometimento cerebral, são os casos de Acidente Vascular Encefálico Hemorrágico(AVEh), conhecido como “derrame” popularmente.

AVEh abrange vários tipos de acidente vascular, e um conhecido é o AVEh é intraparenquimatoso, que é quando o vaso se rompe, devido a pressão dentro dele, com sangramento dentro do parênquima cerebral.

E pode acontecer também outros tipos como AVEh subaracnóideo, AVE isquêmico, Encefalopatia Hipertensiva, e na gravidez temos o caso de Eclâmpsia.

As apresentações de acometimento cerebral são dramáticas, podendo ter sintomas variados, mas devemos ter atenção com cefaleia súbita e muito forte, vômitos em jato(vômitos não precedidos por náuseas), desorientação, agitação, sonolência, fraquezas e/ou anestesia e um lado do corpo e outros.

Não há um valor exato de PA, que determine a emergência, mas como referência o risco é aumentado para a pressão diastólica acima de 100mmhg, ex 160x100mmhg, 180x120mmHg, sendo que 130mmhg o risco é muito alto, ex 200x130mmHg.

Nosso corpo tolera melhor a pressão sistólica, do que a diastólica. Para relembrar a pressão sistólica é a que se apresenta primeiro como na conhecida pressão “normal” 120x80mmHg. Onde 120mmhg é a sistolica, e a diastólica vem segundo 80mmhg.

Continuarei nos próximos posts dessa série com outros órgãos acometidos, diagnósticos diferenciais como a urgência hipertensiva, e tratamento. Obrigado pela leitura!


  • Série saúde, pressão e hipertensão arterial:

Uma resenha sobre a Pressão Sanguínea!

Continuando a resenha sobre fluxo sanguíneo e pressão

Aferir Pressão Arterial e Hipertensão Arterial Sistêmica

A importância de conhecer a Hipertensão Arterial!

Fatores de risco relacionado a Hipertensão Arterial Sistêmica


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wow eu jamais pensei na seriedade do assunto! principalmente por conta da facilidade de se confundir uma doença com a outra!

Confundi-se muito, tudo na vida é mais complexo do que parece. É importante as pessoas terem essas informações que são muito restritas as áreas de atuação. Obrigado pelo comentário.

Parabéns, seu post foi selecionado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!

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Nossa, vou ler com cuidado este texto.
Sou hipertenso e qualquer tipo de informação sobre a doença é ótima.
O pior que além de hipertenso, sou ansioso hahahaha uma beleza lol

@ataliba essa série compõe informações sobre a importância de estarmos atentos a nossa pressão, para chamar atenção a as pessoas para cuidarem da pressão, nesse post esta mais direcionado as consequências do não cuidado. Quem cuida da saúde e da pressão, evita casos como o de urgências e emergências hipertensivas, além das consequências ao decorrer da vida com outras doenças, por falta de informação, e por vezes não cuidar da saúde. Fique tranquilo, ansiedade todos temos, já hipertensão deve-se ter mais atenção, cuidar dos hábitos de vida, alimentação, atividade física e uso correto das medicações diariamente quando indicado. Obrigado pelo comentário.

Uma das coisas que eu aprendi com os anos foi isto. Ou seja, a me cuidar. Hoje eu pago muito pelos excessos do passado. Tive crise de stress ( fruto da ansiedade que tive na vida inteira ) e a hipertensão agora eu trato com o que você falou.
Mudei hábitos de vida, olho a alimentação de perto e exercícios fisicos ( não gosto mas enxergo com um remédio ).
Melhorou. Em tudo. Até ânimo para outras atividades.
Parabéns pela sua série. Vou acompanhar de perto.

Gostei do protocolo de triagem, não sabia a diferença entretre as urgencias.
Tento comer baixo em sal para prevenir a pressão alta.
Muito boa tua informação! Obrigada por compartilhar conosco!
Abraços!